sexta-feira, 25 de março de 2011

Estrangeiro


navego
por entre areia e fumaça
a deslizar as lágrimas
e o fogo
dos não olhares.

as águas nas fatigadas asas
buscam teu porto;

comigo
o peso de mágoas,
alguns cacos,
poucos sonhos
e a mudez das pedras pensantes.

palavras
apenas
pegadas
(rastro
de pó
em oceano).

a ti,
que me esperas
e me desconheces,
ofertar-te-ei
o meu mais belo silêncio
e este vazio onde descanso
para partilharmos
sós.

(Celso Mendes)

21 comentários:

Onde Pousam as Borboletas disse...

Há tanto que se desconhece pelos portos silenciosos,
edifícios calados
pensares não concretizados.

Reflexão
beleza
brilho.

É assim tua poesia.
Parabéns, bjus.

Deah!

Celso Mendes disse...

Obrigado, Dhea!
Esse poema foi uma réplica a um que me foi oferecido por uma amiga e poetisa, que além de tudo foi a editora de meu livro, Trajetórias (Larissa Marques). A ela foi dedicado e por isso existe aí algumas particularidades, mas o que sempre importa é o que se sente ao ler. Por isso o postei aqui também.

Tania regina Contreiras disse...

Larissa ganha, assim, inúmeras faces, inúmeros nomes, porque as particularidades, na poesia passam a ser entre o poeta e...o mundo? :-)
Belo poema, Celso...
Beijos,

Celso Mendes disse...

É o que penso, Tania! Pode até, em algumas situações (não tanto aqui) paracer hermético ao leitor, mas quem tem sensibilidade sempre capta algo para si. Obrigado, amiga!
Beijo.

Suzana Martins disse...

Navego num mar estranho palavras conhecidas de um poema que toca a alma. Navego entre as ondas de um papel que desperta em mim sensações sublimes!!!

Beijos

Aline disse...

Cheguei até aqui por ser apaixonada em poesia e por indicação da Lara, de quem já sou fã!
Realmente a força dos teus versos surpreendem pelo ritmo dado e simplicidade dos sentimentos, onde conseguimos nos identificar.
Aqui o que me prendeu foi o (vazio compartilhado)...
E se der uma olhadinha no retrovisor já estou te seguindo!
Abraços.
Aline Morais Farias
BLOG: Periódico Subversivo
http://alinemoraisfarias.blogspot.com/

Sândrio cândido. disse...

Celso,
uma dor profunda que eu compartilho na beleza de sua poesia.

marlene edir severino disse...

Para escutar o silêncio, há que se calar,
calar profundamente

Aceito teu "belo silêncio e este vazio"...

Adorei teus poemas!

Um beijo

Marlene

Ricardo Mainieri disse...

Um eco mudo
no oco do mundo
reverbera.

O silêncio, por vezes, pode ter amplos significados.

Abs.

Ricardo Mainieri

Anônimo disse...

Celso, gosto muito da forma como vc se expressa. Seus poemas têm sempre uma carga imensa de sentimentos e eu fico encantada com isso. É leve, mas é denso... é forte, mas sensível. É na medida certa do que é de fato poesia. :)

Parabéns!

Beijos

Anônimo disse...

Maravilhoso este dizer ternura.

Um beijo

Anônimo disse...

Com um vazio desses que relembra os não olhares, a poesia se preenche.

Grande beijo.

kiro disse...

Adorei, profunda e bela imagem que desenhas!

Ja vou caminhando lado a ti... E homenageando teus comentaristas!!!

http://kiroamiga.blogspot.com/2011/03/blog-sentidos-e-direcao.html

Com carinho, Kiro!

^_^`

Batom e poesias disse...

Partilhar o vazio deveria ser bom? E receber de presente o mais belo silêncio ofertado?

Estou cismada...
:)

bj
Rossana

Jorge Pimenta disse...

celso,
vislumbro correntes de melancolia numa voz azul recortada pelos veios da palavra. entre silêncios e portos-por-descobrir, a viagem, essa eterna companheira do poeta.
um forte abraço!

CARLA STOPA disse...

Nem todos os silêncios são mudos...Grande abraço e boa semana.

Celso Mendes disse...

Pois que satisfação me toma ao ver tantas visitas ilustres ao meu blog. Muito obrigado a todos!

Anônimo disse...

Celso, as palavras minerais em tuas mãos ganham formas incríveis!

Impressionam várias imagens do poema, mas destaco esta:

"rastro
de pó
em oceano"

Aplausos, poeta.

Unknown disse...

este mar de oferendas é abissal,


abraço

OceanoAzul.Sonhos disse...

Celso, vim de voo em voo, pousei em sua escrita e adorei o que li. Um mar onde navega poesia.
Parabéns.

OA.S

Sayonara Salvioli disse...

Celso,

Sempre fascinada pela sua poesia, visualizei facilmente “a mudez das pedras pensantes”!...
E o seu poema me fez lembrar uns versos meus:

... Mar vasto em que me perco...
e divago,
exploro,
extravaso!
Olhar de calmaria,
de mar longínquo e vago...

Que esconde uma ilha
e aporta o meu barco.
E em que,
a algumas milhas,
naufraguei,
em mar bravo!

Olhar manso,
um remanso...
minha enseada,
um lago de afago,
minha praia molhada!

Saudações poético-marinhas :)