porque há buscas e desejos que são atemporais
só peço a ti duas gotas de pólenque caminhem cores por meu nervo óptico
duas aberturas
no fundo fosco
deste corpo vítreo
onde vaze vida
para um riso raro
neste espaço escuro
só dois grãos de sol incrustados na areia
e um único voo no vácuo da luz
que se perde no espelho
e na lassidão
desse longo degredo
entoado sem voz
segredado nas sombras
só peço a ti duas contas negras e a palavra muda
.
.
.
para eu me atirar
bastam-me teus olhos
(Celso Mendes)