(I)
sopram-me segredos oceânicos
[estabeleço uma latitude inatingível para meus sonhos]
(II)
sobre palavras que
buscam o encanto
que ao vento se vergam
frugais
palavras de trigo
palavras que alimentam almas
debruço-me
(III)
do que foi dito
da lida, do lido
da prece aprendida ao olhar da noite
das confissões à sombra
rasgo fantasmas ao fogo de rochas cadentes
guardo o lume
insemino um novo sol
e prossigo
(IV)
de brisa leve ou de furacão. aprendi que chuva sempre
pinga vida. que tempestade renova.
(no movimento perpétuo da matéria, a constatação de que somos mutantes)
(V)
— |acendo estrelas para cada novo sono•às vezes chove•amanhã
acendo outra vez•às vezes brilha•acendo•por vezes dói•acendo•sempre vale a
pena•um dia sei que apagarei| —
(Celso Mendes)