sábado, 9 de maio de 2015

A Sinapse

é no silêncio que ocorre a palavra
fecunda-se o poema
cresce a substância primária da língua
a condição incorruptível do talvez
e a geometria do vazio se arremete
ante a luz

é ainda no escuro que descansa a imagem
que repousa o verbo
que se abranda o inferno
e que todos os cacos de ternura confluem
em um só oceano
de relâmpagos

e é na sinapse que a faísca insiste
e no princípio é que germina o fim

(Celso Mendes)

sábado, 2 de maio de 2015

Brevidades de silêncio e luz


Sobre ser


o que fui morreu
mas habito em teus olhos
perene

somos fotografias e te povoo
e eu serei apenas o que morrerei

mas sei
: ainda serei

e aguardo em teus olhos

[vem!]

(Celso Mendes)


Sobre não ser


contamino a pureza natural dos instintos
esta noite toda escuridão há de me abraçar
e só o silêncio será música


(Celso Mendes)