segunda-feira, 14 de março de 2011

Alado


aniquilar o vácuo com palavras pérfuro-contundentes
impactar silêncios plúmbeos, machucá-los
retirá-los dos galhos mais altos
do inconsciente mais fundo
do limbo, de um palmo de mão

mergulhar segredos repleto de odores
expor nos calos da língua o veneno
a rubra saliva do verbo rasgado
a pingar em fornalhas de abismos
o sangue do idioma lambido na faca

exprimir toda eloquência do advérbio
enquanto o peso de um verso
se perde
e flutua oceanos
em asas de unicórnio

arrancar a poesia pela raiz

(Celso Mendes)

10 comentários:

CARLA STOPA disse...

Arranquemos a poesia pela raiz e dividamos um com o outro...Certo? Grande beijo, poeta...

Celso Mendes disse...

Divido com todo mundo que quiser. Quanto mais poesia melhor... Beijo, Carla!

Suzana Martins disse...

Arranquemos e plantemos poesias, seempre!!!

Beijos

Celso Mendes disse...

Plantamos, regamos e depois colhemos, nem que seja pela raiz, Suzana...

Beijo

Jota Brasil disse...

Alado foi uma boa escolha de nome. Os versos flutuam, a lirica viaja no plano mais alto da poesia e a poesia nos faz voar

Celso Mendes disse...

Obrigado, Jaime. Um prazer contar com sua leitura! Abraço!

Lê Fernands disse...

arrancar a poesia pela raiz
faz a gente sangrar!

Celso Mendes disse...

Sangrar palavras e sentimentos é a intenção, não é, Fernand's?

beijo

Ana Morais disse...

Talvez seja a forma mais bonita de colher, plantar, arrancar alguns sentimentos. O desembrulhar do que consome, nos faz melhor a cada poesia. Alivia quando solta!

Um forte abraço, poeta.

Ana M.

Celêdian Assis disse...

Fenomenal este poema, Celso. Nem que as palavras alcancem objetivos, até os inimagináveis, elas nuncam serão tão leves, que se deixem flutuar, voar, assim como em versos da poesia.
Belíssimo!
Um abraço,
Celêdian