terça-feira, 5 de julho de 2011

Vago (reedição modificada)


um poema gelado
de palavras mudas.
um verso solto, sem abrigo,
o zunido do silêncio
que se quer luz.
a busca, sim a busca.
uma lógica de vidro,
frágil, cortante, invisível, quebrável,
e as folhas de uma canção distante
a soprar-me os pés.
a companhia dos sonhos sugere que estou vivo.
um cão; há calor.
percorro o teclado,
roço olhos em cristal líquido,
renego os sentidos.
e as letras insistem
num significado
que não sei lhes dar.

(Celso Mendes)

20 comentários:

Vitória Régia Costa disse...

Lindo! Lindo! Lindoooo!!!
"Vago", é um dos poemas mais lindos que lí ultimamente! parabéns poeta. gde abraço.

Sândrio cândido. disse...

Insistência que nos atemoriza mas ao mesmo tempo nos deixa tão feliz, abraços

CARLA STOPA disse...

Saudade de estar aqui...

Batom e poesias disse...

Letras são insistentes no coração de poetas, que sempre hão de encontrar um significado especial.

Muito bonito, Celso.
De verdade!
bjs

Rossana

manuela barroso disse...

Depois de ver o seu blog,pensei: foi bom tê-lo "conhecido".
Depois de ler a sua poesia...penso que encontrei mais um iluminado!Porque não encontrei um poema gelado de palavras mudas(lindo!), encontrei um poema luminoso com palavras de vidro!
Gostei poeta, muito!

OceanoAzul.Sonhos disse...

Enquanto houver sonho as palavras não emudecerão, o significado, esse, irrompe
dos sentidos sem que nós nos apercebamos.

Poema cheio para uma musica poderosa.

um abraço
oa.s

Anônimo disse...

Li e reli não sei quantas vezes seu poema e ele é enorme... É um mergulho nas palavras, onde saio daqui mais uma vez maravilhada com o seu poetar sem arestas e perfeito.Vou embora, mas levo ele na mente...

Beijo

Sandra Subtil disse...

Celso
que coisa linda!
A junção das palavras com a música até arrepia.
beijinho

Lídia Borges disse...

As suas palavras não pertencem a poemas gelados, mas sim a poemas delicados que questionam e encantam.
O poeta na figura do desocultador das coisas numa toada de claridade, de compreensão do mundo sente, de certo modo, a angústia de não ser capaz de encontrar a perfeição que julga possível.

"...a busca, sim a busca.
uma lógica de vidro,
frágil, cortante, invisível, quebrável,
e as folhas de uma canção distante
a soprar-me os pés."

Belíssimo!

Um beijo

blog da Paraguassu disse...

Olá Celso,
Gostei imensamente de seu poema. É lindo!
Encantou-me o questionamento explícito de suas
palavras. Já o estou seguindo e virei sempre aqui para apreciar seu talento. Parabéns, amigo.
Gostaria que visitasse meu blog e, se gostar, siga-me e deixe um comentário em meu post, ok?
Um grande abraço,
Maria Paraguassu.

Unknown disse...

uma lógica de vidro,
frágil, cortante, invisível, quebrável....

Lindo e muito profundo, tanto que me encontro ilógico!

parabéns.

Mineirim das Gerais

Onde Pousam as Borboletas disse...

Os olhos que olham nunca se apercebem do que a alma que se desmancha no poema, ousou dizer. Cada um de nós tem nossa própria verdade e assim seguimos decifrando poemas vida afora. Beijo grande, querido Celso Mendes. Boa noite.

Lê Fernands disse...

porque elas têm vontade própria, as letras.


=)

bjs, querido.

Solivan disse...

Poema de prata,uma adaga de prata cinzelada.

Mar Becker disse...

há uma sutil crueldade em 'frágil, cortante', em 'poema gelado'... mas sem perder a doçura, o líquido em que as letras reivindicam um significado 'é de cristal'...

Raquel Amarante disse...

Ótimo conhecer seu blog! Mas q delicias de poesias e poeticidade... Degusto lentamente para não passar despercebido nenhum sabor... Mto prazer querido poeta Celso. É mto bom lê-lo! Bjo Degusto lentamente para não passar despercebido nenhum sabor... Mto prazer querido poeta Celso. É mto bom lê-lo! Bjo

Jorge Pimenta disse...

caro amigo celso,
apesar da vaguidade sugerida pelo título, toda a essência de uma viagem lírica se agarra ao convés desta nave verbal: os sentidos não são anteriores ao dizer, mas antes útero de fecundação fértil de quem os saiba ardilosamente preencher.
um abraço, poeta!

Odete Ferreira disse...

O eu, a busca, o questionamento...Minhas temáticas preferenciais. Gostei imenso. Parabéns! :)

Anônimo disse...

Todo o poema, excelente, e aqui senti um ápice:

"e as folhas de uma canção distante
a soprar-me os pés."

Que versos, lindos, Celso!

Também genial:

"a companhia dos sonhos sugere que estou vivo."

E como sou louca por assonâncias e aliterações, vibrei com isto:

"um cão; há calor."

E o desfecho, então, foi primoroso!
Admiro quem sabe terminar um texto cortando-nos o ar.

...

Aproveito para dizer do quanto gostei do seu "saudade da semente" num comentário ao Kanauã.

Beijos.

Tiago do Valle disse...

Eu não tenho palavras. Nossa! Só sai: Nossa! Putz, cara, parabéns! Sem palavras... Poesia que ACRESCENTA, ligado?