sexta-feira, 15 de julho de 2011

Adágio para breve sumiço


tem dias que o mundo não me cabe
não me adentra
escorre-me tal breu sobre pele
e perde-se antes da imagem primeira

hoje uma coruja me engoliu com seus olhos de rapina
depois seu pio emudeceu
no canto escuro
de uma noite qualquer
onde eu sumi

(Celso Mendes)


24 comentários:

Celso Mendes disse...

É engraçado como às vezes o que se escreve não reflete o atual estado de espírito da gente. Como neste caso. É como se fosse narrado no presente do pretérito, um tempo verbal peculiar que me assola vez ou outra...

Anônimo disse...

O tempo dos poetas é sempre outro, e às vezes tenho a impressão de estar em outra dimensão enquanto escrevo.

Fiquei pensando nos olhos da coruja, sou fascinada por esse animal. Acho que ela está sempre propícia para nos engolir com o olhar.

Beijo, Celso, bom fim de semana para vc! =)

Daniel Leduki disse...

Muito bom, mandou bem! Adoro corujas, rs... Abraço poeta!

Batom e poesias disse...

Onde andaremos nós?

Lindo!
Bj

Rossana

Luiza Maciel Nogueira disse...

uau, essa coruja (adoro elas) pegou um pedaço aqui

beijos!

Weslley Almeida disse...

As corujas são enigmáticas... Assim como a vida: o mundo. Sua poesia revela bem isso, meu caro!
Abraço!

Dolce Vita disse...

E como é bom quando a gente entende que escrever não passa necessariamente pela repetição do que sentimos. Não precisa ser biográfico para ser verdadeiro. E poético.

Bom demais ler-te (em qualquer tempo)

Um abraço,
Dolce

Marcantonio disse...

Ótimo! Há algo de tentador em sumir brevemente.

Abraço, Celso.

Daniela Delias disse...

Celso querido...tão interessante o que tu falas sobre a escrita e o estado de espírito do poeta! Muitas vezes sinto o mesmo! É lindo o teu poema, e às vezes me impressiona como dizes de um jeito tão certeiro o que sinto.
Bjo carinhoso!

Fred Caju disse...

Corujas quando não nos congela nos dá um sumiço. Abraços!

OceanoAzul.Sonhos disse...

Celso, quem sabe estará em algum lugar, em meditação, acredito que em lugar seguro, pois a coruja saberá ver nas trevas e estará em permanente vigilância.

Obrigada pela sua poesia que nos encanta e nos deixa divagar.
Beijo
oa.s

Unknown disse...

esse adagio poderia muito bem caber numa sinfonia de Mahler, na qual o mundo se condensa

abraço forte

Anônimo disse...

Agradeço seu comentário, estou feliz que tenha gostado. Ainda sinto que tenho muito a aprender e melhorar, mas com suas críticas acredito estar no caminho certo. Obrigada.
http://pagesoferasedtext.blogspot.com/

Mar Becker disse...

A tua poesia é feita de espaços intransponíveis; quero dizer: coloca a coruja, emudece-a num canto escuro, onde sumiste... Ausências, nadas.

Gosto muito disso... Mar

Anônimo disse...

Gostei dessa impermeabilidade, aliás, necessária para encontrar forças dentro de si mesmo ...

Beijo

Eliana Mara Chiossi disse...

Gostei das palavras neste arranjo surreal.
Gostei do blog.
Parabéns!

Elisa T. Campos disse...

Linda poesia.

Na surdina
dois olhinhos me fitam
coruja no paiol

Um abraço

CARLA STOPA disse...

Há algo de feitiço nos olhos de uma coruja...E nas palavras de um poeta...

Jey Cassidy disse...

não sei o porquê,mas me causou o mesmo que As ondas da V. Woolf, quando todas elas,juntamente, encontraram a praia e não mais existem.que bom é ter um pequeno instante de vida e fazê-lo belo o suficiente pra ser inesquecível.

Jorge Pimenta disse...

porque há abismos nocturnos que resgatam, caro amigo celso.
inquietantemente belo!
um forte abraço!

Josette Garcia disse...

Magníficas linhas. Grata por compartilhar. Abraço fraterno

manuela barroso disse...

Corujas...fascínio e mistério
que adensa nas noites poéticas!
Belo mesmo!
Abr.
MB

Tiago do Valle disse...

É incrível como eu tenho a plena certeza de que conheço esta coruja, também. Esse sentimento... Poesia boa, a gente se identifica. Parabéns, Celso! Abraço!

nydia bonetti disse...

corujas piam do lado de fora
dentro, mais agourentos
outros bichos
nos devoram

tem dias assim... abraço, Celso!