quarta-feira, 8 de junho de 2011

Busca fugaz por resquícios de versos e sonhos


este arremedo de pensamento que me assola
estanca preces
robotiza quimeras
volatiza desejos

havia um tempo
em que os sentidos eram rubros
mas os dizeres eram vãos
e cada frase surda
escondia sua poesia
atrás de dispersivas pupilas

agora é o nada impresso nos dentes
a mastigar silêncios
de um discurso mudo
cansado e desconectado

aonde pousaram
as palavras
que te lancei
a cada olhar proferido
e que se perderam
como fécula em boca nua
como férula a ferir espaços
como ímã em contramão?

(Celso Mendes)

18 comentários:

Luiza Maciel Nogueira disse...

cada tempo tem a sua poesia Celso, o vazio/o cheio - encontros/desencontros - ciclo de poesia (acho, sei lá), Adorei o poema, por vezes achamos que temos pouco nas mãos - mas quanta poesia há no vazio, não é mesmo - há toda poesia lá ou possibilidades infinitas!

bjs

marlene edir severino disse...

Celso,

O vazio por vezes nos leva a reinventar,
o instante
e acabamos também nos reinventando
nesse infinito de tamanhas
possibilidades...

E afinal,
se não estiver vazio, que lugar haverá para o novo?

Um beijo!

Marlene

Celso Mendes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Celso Mendes disse...

Obrigado, Marlene e Luiza. Ando com muito pouco tempo para escrever e resolvi postar esse texto já antigo, que achei perdido no meio de tantos outros. Tempos idos e retratados.

beijos.

Rafael Castellar das Neves disse...

Deu até um aperto no estômago...isso que chamo de texto "vivo"...Muito bom!

[]s

Anônimo disse...

a sua poesia me encanta.

As palavras não se perderam, elas estão impressas nos dentes, nos olhos, nas mãos, nas suas atitudes...

beijos, querido.

OceanoAzul.Sonhos disse...

E é em pensamentos que construímos os nossos dias, poetizamos palavras, escrevemos desejos, em tempos idos ou futuros, tudo escrevemos e sentimos, por vezes calado por vezes sofrido.
Foi um prazer recebê-lo no OceanoAzul.
Um abraço
oa.s

Catia Bosso disse...

Ímã na contramão é cruel né! Mas casou direitinho no sentido de desfecho de teu poema. Belo poema!

bj

Catita

Sandra Subtil disse...

Celso
Que poema cheio de imagens fortes!
Sempre muito bom ler-te, a tua escrita é plena (aqui o vazio não tem lugar)
Beijinho

kiro disse...

Tão belo quanto tua alma, resquiciosa entre palavras mudas que cantam versos a quem já não escuta!

És alma gemea da minha própria alma, quando assim expressas o desejo contido do querer amar a quem não pode ser amado!

Ah! Poeta! ♥

Cris de Souza disse...

sei que o trânsito é livre para tua lírica, sinal verdinho em folha.

beijo desta impaciente, doutor da lira!

Unknown disse...

altíssima canção,


abraço

Anônimo disse...

Que forte e bonito, Celso!

Batom e poesias disse...

"agora é o nada impresso nos dentes
a mastigar silêncios"

e o que se engole
mata a fome?

Lindo.
bjs

Rossana

Masago disse...

É, caro poeta Celso com certeza de que as vezes a poesia é muda. Alias a poesia é tanta coisa. rs
Olha ando correndo muito na vida, hoje resolvi vir aqui dar uma olhadinha neste espaço nosso. E, não podeira me ir, sem dar uma olhadinha no seu poetar. Bom quero lhe dizer que estou com saudades de ti, poeta. Vá la na pensão me visitar quando puder, ta.
Belo poema e reflexivo. Parabéns poeta, bjuss até breve!

Onde Pousam as Borboletas disse...

Poesia brota no âmago com que se olha para o distante, percebe-se na voz que se cala e nos dizer não, quando o sim é súplica.

Lindos versos meu amigo! Beijo.

Lídia Borges disse...

Surpreendente este dizer a saudade.

"havia um tempo
em que os sentidos eram rubros
mas os dizeres eram vãos
e cada frase surda
escondia sua poesia
atrás de dispersivas pupilas"

Agora é a poesia
Transparência das água
A diluir rubores
em promessas de eternidade...

Um beijo

Lê Fernands disse...

poesias que necessitam de ouvidos e olhos bem dispostos...



=)

um bj, querido.