sexta-feira, 15 de abril de 2011

Entre o espanto e o nada


Existe uma lânguida poesia enclausurada neste portal,
um borrifo de pensamentos anacrônicos, obsoletos,
versos velados marcados de cores e odores habituais.
E existe a poesia calada do cancro infiltrada nas vísceras
a apodrecer palavras reticentes;
um engasgo bruto, uma turbulência de rompantes na língua.
Existe uma língua querendo tornar-se idioma,
um pássaro pousado,
um matiz de arco-íris no meio da noite.
Existe a palavra pingada no oco do céu de uma boca pedindo socorro.
E o poema perdido que ora berro
é só uma mentira
trancafiada
entre o espanto e o nada.

(Celso Mendes)

43 comentários:

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Poeta

Entre o espanto e o nada...as suas palavras gritam e fazem-se poema.

Beijo
Sonhadora

Anônimo disse...

Excelente, Celso!

Beijo.

Sândrio cândido. disse...

Entre o espanto e o nada, cheira me ao existencilismo. otimo
abraços

Onde Pousam as Borboletas disse...

Entre o que se diz é o que não é dito, palavras imploram para ser entendidas. Palavras suplicam para serem sentidas. Lindo escrito, amigo! Parabéns e ótimo final de semana! Muita inspiração!

OceanoAzul.Sonhos disse...

É na poesia calada de alcance imenso, que nos encontramos e sentimos.
abraço
oa.s

Suzana Martins disse...

Há poesias espalhadas nesse portal, poesias que guardo em versos do sentir. Há letras que falam das sentimentalidades da alma e que traz sorrisos e felicidades em mim. Há palavras espalhadas que se misturam no infinito...

Belo e belo!!

Beijos

Valeria Soares disse...

Nossa! Maravilhoso! Adorei.

marlene edir severino disse...

Celso,
...velados versos
de bruto engasgo,
pássaro pousado...

Que beleza de versos! Saídos do âmago!

Grande abraço, amigo

Marlene

Jorge Pimenta disse...

amigo celso,
só este título é todo um poema.
entre o espanto e o nada ainda há-de vogar o que sobra do ser. haja paciência para o recoleccionar num todo com espanto!
abraço!

Lídia Borges disse...

Que dizer, quando o poema comporta muito mais do que a palavra suporta.
Sempre me deixo emocionar pela sensibilidade que extravasa das suas composições.

Um beijo

Ricardo Mainieri disse...

O poema por vezes é um jorro incontido de material inconsciente "in natura"
Cabe ao poeta lapidar suas pulsões de Eros & Tanathos.
Obrigado pela visita ao meu Espera. Vc. falou que o poema é bonito. A moça a quem dedica também era. Melhor digo, ainda é, pois reencontrei-a no Facebook. Merece, ainda, novos poemas...(rs)

Abs.

Ricardo Mainieri

kiro disse...

Senhoril de versos indomáveis
Alma intocada
por impudicos desafios
lamentáveis



Que belo, meu querido... ^_^•

Lê Fernands disse...

todos temos um não-dito... mas eu deixei de me preocupar com o meu há tempos!



=)

bjsmeus

Anônimo disse...

Não sei nem o que dizer, Celso... Maravilhoso.

As tuas palavras flutuam em minha mente...

Beijinhos e ótimo fim de semana.

Celso Mendes disse...

Sonhadora, e os gritos insistem acordar meus sonhos. Obrigado.

Beijo.

Celso Mendes disse...

Lara, sua leitura é sempre um grande incentivo para mim.

beijo.

Celso Mendes disse...

Sandrio, o existencialismo tem cheiro de palavras que desejam ser mais, não é?

abraços!

Celso Mendes disse...

Se essas caladas palavras já alcançaram um OceanoAzul, será que podem sonhar ainda mais?

Obrigado, querida!

beijo

Celso Mendes disse...

Suzana, as palavras são partes deste meu infinito que ainda não compreendo. Soltas, podem mentir, causar espanto ou simplesmente nada dizer.

beijo, amiga!

Celso Mendes disse...

Valéria, obrigado, querida.

Amiga Marlene, feliz com suas palavras...

Celso Mendes disse...

Amigo Jorge, o espanto está sempre no limite entre a palavra que se prende e o negro do nada.

grande abraço!

Celso Mendes disse...

Lídia, adorei seu comentário. Acho que é isso que tentamos mesmo, extrair tudo e mais um pouco da palavra para que reste apenas o sentir que ela provoca.

beijo.

Celso Mendes disse...

Ricardo, Obrigado, meu caro. Então, acho que tua musa merece mais um poema para que brinde a ela e para nosso deleite...

abraço!

Celso Mendes disse...

Kiro, tenho apenas alma calejada, cheia de cicatrizes, mas que ainda aceita desafios...

beijo, querida!

Celso Mendes disse...

É, Lê, pra que preocupar-se com os não ditos? Bom seria que eu conseguisse...

beijo.

Celso Mendes disse...

Parole, as palavras flutuam em tua mente são as tuas, que se encontram com o espanto de minhas mentiras...

beijo.

Fred Caju disse...

Entre o espanto e o nada é uma boa intersecção.

Celso Mendes disse...

A intersecção do projetado com o não dito, amigo Fred...

Abraço!

Milene R. F. S. disse...

O teu espanto cria do nada ( ou do tudo )belos poemas Celso. Já sou tua fã, beijos!

Unknown disse...

magistral,

abraço

Cris de Souza disse...

entre o espanto e o nada todo o encanto em ler-te.

és um poeta e tanto!

beijo, meu caro.

Menina no Sotão disse...

Eu sempre me perguntava porque o poema perdido é sempre o mais perfeito, então ouvi como resposta o obvio "ele é o silêncio e sua perfeição de movimentos orientados junto ao vácuo" e ao ler seu poema percebi justamente isso: um eco entre o espanto e o nada, ou seja, o silêncio.
linda semana pra ti meu caro
bacio

Celso Mendes disse...

Milene: o nada pode ser tudo e tudo se resumir a nada, não é?

Beijo.

Celso Mendes disse...

Assis, caro poeta, obrigado pela visita!

abraço!

Celso Mendes disse...

Cris, gosto de escrever apenas. Ser poeta é interpretação de texto...

beijo.

Celso Mendes disse...

Lunna, esses ecos perdidos no silêncio vivem a me espantar mesmo. E as palavras não conseguem descrevê-lo, mas vamos tentando...

beijo.

Cristine Lima disse...

Olá,
Seu blog é de muita sensibilidade...
Este post em especial...
"a poesia enclausurada" saiu e encontrou seu destino...
Gostaria de convidá-lo para visitar meu blog também. Comentários são muito bem vindos.

Odete Ferreira disse...

"Cheira-me" a uma tendência surrealista...As palavras brilham entre si, conferindo sentidos inéditos...
Adorei estar aqui, tentarei vir mais vezes...
Parabéns :)

ErikaH Azzevedo disse...

Triste é a poesia que mesmo cheia de asas sente que não consegue voar. Mas do que escrita, é quando ela é lida que ela se sente libertar...a poesia sempre se acha no olhar de quem a lê e no coração de quem a sente, e posso dizer, tua poesia se achou em mim, em tudo que em mim ela conseguiu mover....

Bonito demais teu jeito de escrever menino.Gosto muito de te ler...

Bjo de quem de ti é fã.

Erikah

CARLA STOPA disse...

Entre o espanto e o nada...A vida escorre...

Carla Fernanda disse...

Lindo!!
Passando para uma visitinha de Páscoa!
Saudações!
Carla

Celso Mendes disse...

Muito obrigado pela visita Cristine, EU (tu...rs), Erikah, Carlinha e Carla Fernanda: feliz com seu comentários!

Beijos!

Batom e poesias disse...

"Existe a palavra pingada no oco do céu de uma boca pedindo socorro".

Na minha também...
SOS
BJS

Rossana