aqui, sem um porquê,
eis-me, a catalogar inutilidades e a fazer apologia da utilidade do
desconhecido, do não saber para procurar. espero destas palavras nada além de
um alvoroçado desentendimento, um gotejar de sílabas perplexas ao perceber seu
próprio significado num plano que se estende além da linha de uma razão que não
pretendo. até gostaria que elas falassem do contemplar horizontes como o mar
contempla o pássaro ou a montanha contempla a árvore. gostaria, mas não creio
que consigam ser tão desimportantes assim. mesmo porque não quero do albatroz o
voo; quero o olhar. o plácido, belo, amplo, mas limitado olhar (meus limites
fazem parte da minha infinitude). também ando a dispensar ruídos que não sejam
música. prefiro continuar abarrotado de silêncios cúmplices, ensimesmado com
este vácuo de sentidos plenos a serem ativados, que me amortalham a mente das
sobriedades de um superego capenga e me revestem de saborosos vazios. vácuo de
sentidos plenos para a água e para o fogo. preciso, necessito exorcizar
convicções. e que um dia me livre, vez por todas, de todas as certezas que já
construí. minhas inconsistências, celebro a cada momento. alimento-me de minhas
dúvidas. e minhas incertezas acato como as minhas verdades. assim sigo. capto
sensações, guardo as que me aprazem, convivo com as demais, sobrevivo com o que
a vida me oferece. e a vida nada mais me oferece do que vivê-la. este é o
tempo. a morte é atemporal.
CONVERSA-RESENHA COM AMANDA VITAL
Há um ano