sábado, 9 de maio de 2015

A Sinapse

é no silêncio que ocorre a palavra
fecunda-se o poema
cresce a substância primária da língua
a condição incorruptível do talvez
e a geometria do vazio se arremete
ante a luz

é ainda no escuro que descansa a imagem
que repousa o verbo
que se abranda o inferno
e que todos os cacos de ternura confluem
em um só oceano
de relâmpagos

e é na sinapse que a faísca insiste
e no princípio é que germina o fim

(Celso Mendes)

5 comentários:

Jarbas Siebiger disse...

Excelente, meu caro! Simplesmente excelente!

Dolce Vita disse...

Tão profundo e ao mesmo tempo, sintético. Belíssimo! Sempre muito bom ler-te! Beijos

Marisete Zanon disse...

Tão simplesmente verborrágico de sínteses.

Marisete Zanon disse...

Tão simplesmente verborrágico de sínteses.

cirandeira disse...

Talvez, se não existisse aquele medo de fantasmas, (quase atávico) pudéssemos perceber quantas vozes tem o silêncio, e quanta luz existe na escuridão. Mas o medo de descobrir-se a si mesmo, via de regra, impede as pessoas de conviverem com outras vozes que as habitam. És um poeta que conhece bem essas vozes, e acima de tudo, que consegue pô-las em evidência!!!

Um beijo, poeta!!!