domingo, 21 de março de 2010

Aposiopese


escutar o ruído
rangido
gemido
dos ossos
enquanto o silêncio me grita

ver a pele rasgar
nas arestas
sangrar
pelas frestas
nos vértices do que já foi círculo

e sentir esta adaga
romper
este gelo
e o fogo
que habitam em minhas entranhas

nestas horas de angústia
onde a febre
insiste
insana
em revisitar meu futuro

neste então
permaneço
obtuso

e me quedo

(Celso Mendes)

5 comentários:

Grão de Malícia disse...

... e me quedo no silêncio das arestas da alma circular dum sonho feito de carne e sentidos

e me enredo pelas esquinas das entranhas rasgadas pelo peito abrigo onde rangem os poemas entravados do desassossego em conflito na alma e no corpo

e... então permaneço aqui sentindo-te o poema fissurado dos teus pensamentos partilhados pela palavra poetada...

Beijo

musa

Suzana Martins disse...

No gemido do silêncio absorvo palavras que calam em canções....

Beijos

Fred Caju disse...

Celso, estou maravilhado com o seu espaço e o poder dos seus versos. Muito bom. Parabéns, camarada!

Anônimo disse...

A aliteração a dar uma musicalidade e um ritmo admiráveis a este poema.

Belíssimo!

M.G.

CARLA STOPA disse...

Quedar-se ao futuro, obtusamente mistério...