segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Absintismo

fluida
escorreu-me lenta
banhou-me de olhares
palavras
desejos

bebi da sua cor
sorvi sua essência
naveguei cada vão
por onde vertia
e nadava-a
sôfrego
ao perceber
súbito
destilar-se me pele afora
enquanto vazava
de minhas mãos
ocas
que não mais a continha

rapidamente escoou
secando-me um sonho
eternamente fugaz

daqui
em minha embriaguez
ainda absinto-a
intensa
inebriante
fluida

(Celso Mendes)

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