há
no bálsamo que alicia olhos
no bálsamo que alicia olhos
um fulgor de olfato que embriaga
e altera os matizes dos sonhos
como poeira quente que penetra poros
a tingir de febre o sangue que se espessa
como a explosão daquele instante mudo
que fere acutilados e reticentes silêncios
como aquele engasgo que se quer um grito
mas sempre
se prende
em círculos, ciclones
e bocas de estômago
há
no que a carne sente
nestes alardes de tinta e nó
um tanto de espanto
um tanto só
[momento é pó]
que arranha o contorno da íris
e se esparrama na pele que enrubesce
tão breves segundos
breves tantos quanto vida
que brevemente os guarda
em cofres-memória
fadados a se esvaírem
na infinita
brevidade
de ser
(Celso Mendes)
22 comentários:
Celso,
Há que viver o rubro,
o momento intenso,
desatar o nó,
desprendê-lo da boca do estômago,
deixar que toque e se esparrame na pele...
Não deixe que se esvaia, poeta!
[Intenso: A-do-rei!]
Um beijo, amigo!
porque há em nosso redor tão mais do que a "infinita brevidade do ser" possa sorver, deixemos o olhar mansamente aquecido beijar o lume do sol que nos brinca nas mãos-criança.
textaço, amigo celso!
um abraço ainda agarrado à âncora destes cofres-memória que empurram para diante!
Pelos momentos de engasgo, ler algo assim é uma espécie de grito.
Não há um verso seu que não me envolva, Celso, tudo tão lírico e cheio dessa matéria inebriante.
Beijo!
Pura poesia que nos engasga, emudece, entorpece as palavras...penetra no peito e faz explodir de admiração!
Poeta...nasce-se!
Grande momento,Celso!
Beijo!
Ah!
E lindo o seu mês de agosto!
Também li!
por essas e outras tenho motivos permanentes pra te ler e reler. é o tipo de poema que nos arrebata por inteiro.
meus aplausos, doutor da lira!
beijos desta impaciente.
As vezes é bom poder sair de mim no meio da tarde e ficar assim, em silêncio lento a ler-te, colhendo essas sensações que estão cá dentro, mas para sair é preciso que a poesia busque por tudo isso.
Respirei fundo aqui e me perdi.
bacio carissimo
Ps. Adorei o seu mês de agosto. rs
e que bálsamo, fulgor, matiz, tudo maravilhoso, tantas imagens tão vívidas pulam do poema :)
beijos
Há um jeito de viver rubro que se embriaga na leveza do ser. Há um jeito de penetrar desejos como o bálsamo de uma poesia encatada.
Há um jeito de se escrever que decifra cada olhar no sentido da palavra.
Há direções onde apenas um poema se encaixa!!!
Há beleza no jeito de viver onde a poesia, o rubro verso desenha!!
Beijos querido!!^^
há tanto para ser na brevidade de um instante,
abraço
Celso,
belíssimo poema!
A dinâmica da vida, a carne, o rubro, do momento ao espiral de nós mesmos... no tempo, assim, o só!
Celso, muito obrigada por estar seguindo meu blog, cheguei aqui em retribuição, mas me surpreendi com tamanha qualidade dos teus textos e poemas! Maravilhosos!
Espaço para vir e voltar!
Grande abraço,
Cecília.
Forte, hein? Carregado e mexe com a gente ao ler! Gosto disso, Celso!
[]s
Arrebatador, entra pelos nossos poros e mexe com a nossa mente.
Um beijo
oa.s
Há um tanto de nós breve como a vida, belíssimo pela leveza e pelo trabalho com as palavras
abraços
Momentos...Átimos...Eternos...
Dos momentos e dos rubores que os intensificam, fazendo deles únicos, preciosos e por isso mesmo guardados em "cofres-memória".
Um beijo
"...um tanto de espanto
um tanto só
[momento e nó]"
Espanto maior é quando isso vira regra e não desvio.
Ótimo post, gostei muito.
=*
Fadados a se esvaírem? A virarem um belo poema, eu diria: um poema em carne viva.
Adoro vir aqui :-)
Beijo!
Impossível ser tudo, mas possível se abandonar ao rubro que nos supera.
Abraço, poeta.
Desejo rubro infinito, breve, repetido, nunca igual!
Abraço, poeta
Anna Amorim
Poesia que a gente prende a respiração enquanto lê, e quando termina, solta com o ar preso, o alívio inspirador da catarse.
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