Setembro começa-me vago. Por ser um cultuador de palavras simples e frases de raso significado, não compreendo bem o porquê. Mas sinto. Enquanto lavo meus olhos na poeira, aguardo a chuva que leve as folhas secas de agosto. Aprendi que retas perfeitas não existem, mas não consigo evitar a curiosidade de saber onde estão os pontos à frente. Isso machuca, sei bem, como sei também ser impossível evitar a dor.
Este inverno me roubou o vermelho e com ele fugiu o arco-íris das tempestades de verão; perdi mais uma flor. O pó é a cor que tem me pintado. Até as maritacas que me acordavam toda manhã andam ausentes. Agora volta a promessa de primavera. Não sei se acredito mais em primavera. Talvez devesse...
Mas um setembro já me deu o que mais amo e outros também me trouxeram presentes. Sempre esperarei algo de setembro. Quem sabe este me umedeça novamente. Mantenho a água na memória. Meus olhos cansados permanecem abertos, continuo amanhecendo e não perdi essa mania de sonhar. Acho que ainda acredito em primaveras.
4 comentários:
Setembro é sempre belo. Sempre cheio de esperança. Espelho do escrito. Ou vive-versa.
Um beijo daqui.
Estou tentando embalar nessa esperança...
Obrigado, Márcia!
Beijo pra aí!
amei sua sensibilidade tão bem representada nesse texto!!
Rodrigo, grande honra pra mim seu comentário!
Valeu, meu caro!
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