Espere pela volta das borboletas na poeira do tempo
Espere por aquele olhar a se projetar entre estilhaços de angústia
Espere pela nuvem de gafanhotos-devoradores-de-horizonte
Mas não vá, fique um pouco mais, ainda há muito o que esperar
E não me deixe plantado neste inferno cor-de-rosa sem um porquê
Eu bem que queria lhe dizer que a lágrima não se mostra
Por puro orgulho
Eu bem queria lhe mostrar
Esta jugular que pulsa no aguardo de uma nova mordida
O que se esconde neste brilho que já não há
E revelar onde a lua se ocultou e dormem as estrelas
Fique um pouco mais
Só um pouco mais
Sinta o som do mar
Sinta o som
O som do mar
E o som
Do Sol
E o Sol
No mar
Fique um pouco mais
Queime comigo nossas verdades douradas e as mentiras azuis
Não minta mais para o azul
Ou para o vermelho
Espalhe algumas verdades transparentes sobre a mesa
Diga para mim desta ferida
Daquela esperança forjada em frases insolúveis
Do impossível e do improvável que já vivemos
Que eu prometo
Que eu lhe juro
Pela divina providência dos semideuses
Estancar este corte que vaza minhas vísceras
E partir
(Celso Mendes)
CONVERSA-RESENHA COM AMANDA VITAL
Há um ano
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