quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Setembro

Setembro começa-me vago. Por ser um cultuador de palavras simples e frases de raso significado, não compreendo bem o porquê. Mas sinto. Enquanto lavo meus olhos na poeira, aguardo a chuva que leve as folhas secas de agosto. Aprendi que retas perfeitas não existem, mas não consigo evitar a curiosidade de saber onde estão os pontos à frente. Isso machuca, sei bem, como sei também ser impossível evitar a dor.

Este inverno me roubou o vermelho e com ele fugiu o arco-íris das tempestades de verão; perdi mais uma flor. O pó é a cor que tem me pintado. Até as maritacas que me acordavam toda manhã andam ausentes. Agora volta a promessa de primavera. Não sei se acredito mais em primavera. Talvez devesse...

Mas um setembro já me deu o que mais amo e outros também me trouxeram presentes. Sempre esperarei algo de setembro. Quem sabe este me umedeça novamente. Mantenho a água na memória. Meus olhos cansados permanecem abertos, continuo amanhecendo e não perdi essa mania de sonhar. Acho que ainda acredito em primaveras.

(Celso Mendes)

4 comentários:

Márcia Maia disse...

Setembro é sempre belo. Sempre cheio de esperança. Espelho do escrito. Ou vive-versa.
Um beijo daqui.

Celso Mendes disse...

Estou tentando embalar nessa esperança...

Obrigado, Márcia!

Beijo pra aí!

Rodrigo de Assis Passos disse...

amei sua sensibilidade tão bem representada nesse texto!!

Celso Mendes disse...

Rodrigo, grande honra pra mim seu comentário!

Valeu, meu caro!