vou
talvez volte amanhã
mas não me esperes
se os dias voltarem
volto amanhã
quiçá depois de amanhã
mas não me esperes
há uma esquina em cada lua
um novo estio em cada dobra da retina
há um horizonte de amanhãs a me secar
há uma esquina em cada lua
um novo estio em cada dobra da retina
há um horizonte de amanhãs a me secar
hoje só parto
amanhã não sei
talvez eu volte
não me esperes
– não precisa –
só não me esqueças amanhã de manhã
pois bem não sei
se tornarei
se eu haverei
amanhã
de manhã
ou depois
e se amanhã houver
lembra-te de alguma palavra minha
se no amanhã
eu não estiver
e voltarei
(Celso Mendes)
25 comentários:
Beleza, Celso. Abraço!
se amanhã houver,
lembraremos.
de todas as partidas e de alguns regressos. o que vai e o que fica? talvez a sensação de que entre o corpo e a palavra habita tudo o que não esqueceremos.
abraço, meu amigo de palavra virtuosa. ler-te é conhecer-me.
O amanhã a deus pertence... mas eu sempre lembro.
Belíssimo, Celso.
partimos, lembrou me um poema da maria azenha, mas fiquei a pensar quem é o ouvinte deste poema, confesso que lembrei-me da criança que eu fui, a ela um dia eu disse que estava indo, mas não pude retornar. Este poema em sua simplicidade me causou um dor suave, daquelas que nos salva.
Abraços
Ah! Quando se parte sempre há outra partida, outra ida para alguém esperar, para de novo voltar- ou não voltar! E é melhor não pedir para não esperar. Só se espera quem preenche vazios nos talvez de amanhãs!
E se não voltasses, ficarias nas imagens das palavras nas sombrsa da lua.
Tens o poder encantatório das palavras, Celso!
Um abraço, querido amigo!
o ir e vir da voz...
ondulante no ritmo
da poesia!
lindo texto! bela companhia para o fim de semana!
saudações, celso amigo-poeta!
Na partida, com ou sem retorno, sempre haverá um recomeço.Parabéns.
Um partir que se faz dor na incgnita do futuro.
Belíssimo, o seu dizer!
Um beijo
Há tantos amanhãs para não serem esquecidos hoje, que se faz finura voltar.
Aqui, um bom lugar para regressos.
bj
também vou, vá!
mas te esperarei
e se parto e me aparto de teus braços
faço um vão sempre daquele jeito
preenchido de sins e talvez e nãos que não me concedam limites de te buscar
então que o meu parto é todo dia quando dou luz às estrelas e luas partidas e minguantes com quarto crescentes, parindo as noites e minhas urgências cadentes de uma estrada qualquer, de uma esfera quadrada e psicodélica, nessa minha espera de mim e tua.
e que as partidas se tornem voltas sem idas.
Eu vou e quanto á você, eu espero.
A ESPERAnça vem mesmo do verbo esperar!
Meu carinho em conhecer-te.
Aqui me cativou!
Sam
altíssima canção,
abraço
celso,
é um prazer ler o que escreves.
"se os dias voltarem, volto" é muito, muito bom.
abraço!
Chegadas e partidas, numa espera louca.
Belíssimo!
Beijos
Mirze
Que prazer imenso ler-te! Sentir e aprender com as tuas palavras. Bem hajas
Este poema me lembrou os versos de um escritor gaúcho precocemente falecido, chamado Henrique do Valle.
Editou uns dois livros pela Movimento, editora gaúcha de resistência cultural, nos tempos da Ditadura. E, infelizmente, é muito pouco conhecido.
Te chamei porque queria que guardasses
meus peixes e flores
agora que vou viajar.
Conhecerei novas terras, outras pessoas
e isso me enche de tanta alegria
que nem sei como expressar.
Prometo que te trarei presentes
e que te contarei tim tim por tim tim
tudo que passei.
Mas até eu voltar, dá uma força,
cuida bem dos meus peixes e flores.
Abs.
Ricardo Mainieri
confesso que um dos meus desvios é voltar sem ter ido.
beijos desta impaciente, doutor da lira!
Lembro-me a simplicidade de Caeiro. Sério, foi como se eu estivesse enxergando seus passos através de suas linhas.
Não se espante, eu tenho mania de enxergar movimentos dos poetas que gosto. É um delírio, eu sei. rs
bacio
poesia do agora em amanhãs que chegarão como luz de esperança divina
beijos
Só sei que te espero em palavras, um dia, quando os dias voltarem... para te ler em poema...
Excelente!
beijos Celso
cvb
Celso,
entre o que foi e o que não foi ficamos, assim sós, na espera inquietante de algo, de nós...
Beijos!
Ler-te é um privilégio!
Beijos
Dolce
Esses cantares poéticos de poucos verbos, às vezes sem tema, cheios de tons e segredos me fazem pensar no ir e vir das manhãs que se foram e que voltarão com outros verbos, outros amanheceres na voz do poeta!
Por isso, sei que haverei de (ainda) esperar, nem que seja por
apenas um pouco de amanhã...!
Tua poesia, além de refinada é
belíssima!!!
beijos
Ah meu amigo, que saudade das suas letras, que saudade dos seus versos envolventes!!! Agora estou volta para degustar cada palavra escrita aqui!!
Fui e voltei... mas sempre vou e volto num sentido e direção que me cativas!!
Lindo!!
Beijos
Sensacional, Celso... Perfeito. Claramente escrito com toda a sua alma.
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