percebo uma
ruptura que me duplica.
mas sou
feito de ferro e concreto,
fissuras
não me comovem.
já sou azul
e amarelo,
preto no
branco,
e uma velha
testemunha do conformismo.
o sopro que
fere meu rosto
é a prova
da fragilidade desta armadura.
redimo-me
da canção subalterna a um desejo ocre.
e que não
me faltem alfarrábios
para dizer
da crueldade dos anjos,
que
infernizam minhas noites
e
visitam-me nas manhãs opacas
pintando-as
de tons pastel,
feito
palhas que incendeiam sutilezas
e espalham
a fumaça:
ardência
dessa angústia nos meus olhos,
asas que se
queimam em pleno voo
sobre um
chão que já não há.
(Celso
Mendes)
25 comentários:
Em época de entressafra, revisito um poema antigo e o posto hoje...
Água mole, pedra dura...
quando chão não há, instala-se um precipício de elevação que se eterniza em silvo,
abraço
talvez o chão falte porque é tempo de sublimação...
tua voz sabe agradar a meu silêncio, Celso!
Beijinho com admiração!
Um dos poemas mais belos que já li nos últimos tempos.
Andam os cruéis anjos, descorando minhas manhãs e infernizando minhas noites, como tão acertadamente descreveu.
bjs, querido
Rossana
Forte e belo poema!
Quisera apenas perceber a ruptura, sem emoção, masnão. A fragilidade me persegue.
Parabéns,poeta Celso Mendes!
Beijos e minha admiração
Mirze
"asas que se queimam em pleno voo
sobre um chão que já não há."
Denso, intenso!
Abraço, Celso
este poema em particular me fez lembrar do filme "Asas do desejo", essa angustia que até os anjos tem
beijos
Arrebatador!
Parabéns pelos teus poemas Celso... preenchem-nos a alma
beijos
cvb
São sempre anjos antigos, estes que nos comandam e nos castigam.
Uma [feliz] revelação reafirmada na leitura de cada novo/velho poema.
Um beijo
Celso, um dos seus mais belos poemas!
"o sopro que fere meu rosto
é a prova da fragilidade desta armadura"...
Perfeito!
Beijos,
quando sem chão, aprendamos a caminhar sobre as nuvens. e olha que não precisamos de alfarrábios, mezinhas ou poções mágicas; apenas de manter a sede e o desejo de beber. o mais? imagens e reflexos que apenas vibram, sem nunca se mexerem.
forte abraço, amigo celso!
Imensamente belo, Celso.
O sopro sutil nos fere muito mais, porque nos atingem onde somos vulneráveis.
Beijinhos, querido.Amo te ler.
Dos anjos infernais, alguns me moram e eu, as vzs saio batendo a porta.
Que bom que bisastes o poema, pois é imperdível
bj grande, Celso
...mas como seria o poeta se não se rompesse a armadura que obscurece as noites e inferniza o pensamento?
Asas que se queimam para renascerem nas cinzas das palavraso em labaredas de poesia.
Como sempre...palavras para quê?
Poesia em toda a sua plenitude.
A sua poética preenche espaços vazios!
Fraterno abraçp, Celso
um poema que continua atual... Estou com muito trabalho na faculdade celso, por isto as vezes não comento os blogs, mas continuo a admirar a tua poética, vez por outra durmo relendo as tuas trajetórias
abraços meu caro
São os "anjos" que instigam o poeta,que o atormentam para que mantenha aceso o fogo da poesia!
Reeditar esse poema foi
como renascê-lo das cinzas e para
mim um grande privilégio!
Mais um de teus belos poemas,
obrigada, Celso
beijos
Teus poemas são muito, muito lindos...
Bjos!
Que belo. Saudades de passar por aqui. Me perdoe, querido. A correria tem me tomado por inteira. Bom que me sobrou um tempinho para passear aqui. Grande beijo!
Um autor completo!
Fantástico!
Ler-te é um privilégio!
Beijos
Dolce
Deixe rachar o que já não há, desfazer por completo o abismo da (in)existência, para que enfim, a calmaria possa boiar na superfície do silêncio.
Fernanda
Celso, eu me identifico tanto tanto com a tua poesia...
é como se corresse descalça pela minha própria casa
beijos
Grandiosa. Essa é grandiosa... Muito, muito boa, parabéns!
Neste poema lido hoje ( novamente) dissestes tudo que eu precisava e queria ter dito. É lindo quando um poema nos lê...aplausos todos!e obrigada Dr. Poesia.
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