palavras insolúveis passeiam em minha noite
infestadas de estrelas, aromas e pios de coruja,
ao tempo em que a boca esboça versos
que se prendem na zona de luz
e as mãos amassam coágulos de vida.
amanhã talvez eu percorra outras vitrines
e arranje um sorriso novo para este lamento
alojado em minha epiglote. não sei porquês,
mas sei que assim é, pois sinto o tato rubro de uma saudade
acariciar-me a nuca e entristecer-me o azul.
mas não há amanhãs, amanhãs são apenas sonhos:
prendo-me às ervas daninhas da relva rasteira
para não deixar meus cacos à deriva
enquanto meu corpo cansado bate nas pedras da corredeira
a colecionar hematomas que são só meus
e guardo com carinho. visito apenas caminhos que pisei
à espera de que a lua me embale o sono.
visto-me da mesma pele de sempre
adornada de conhecidas cicatrizes. acomodo-me,
aguardo o acordar com novas marcas.
neste então,
flutuo entre a relva e as pedras.
onde estariam aqueles versos da zona de luz?
(Celso Mendes)
CONVERSA-RESENHA COM AMANDA VITAL
Há um ano
25 comentários:
E o pio da coruja deu o tom misterioso a esse passeio por estrelas e aromas...Beijo, amigo.
O piar da coruja sempre me aguça, Carla...rs
Beijo, amiga!
Bonito!
Um tom sombra atravessa o poema...
E deixei-me ficar presa no "mas não há amanhãs, amanhãs são apenas sonhos"
Sonhemos, então!
Um beijo
Desculpe adentrar assim, mas gostei do que li e tomei a liberdade de seguir para poder voltar.
Deixo um abraço
Sonhadora
Obrigado Cervan, obrigado Maria.
Sonhadora, se gostou volte sempre, será sempre um prazer...
Abraços a todos!
NOTA: houve um erro de digitação na primeira estrofe, que corrigi agora, espero que em tempo. (Aonde estava "invisíveis" era, na verdade, "insolúveis")
amanhãs são sonhos que os hematomas não sentem, agora são sentimentos que os amanhãs não percebem e sonhos são agoras vestidos da pele sem hematomas do amanhã.
Abraço, amigo. Poema intenso.
Lindo, lindo e lindo!!
Deixo aqui o meu aplauso!!
A beleza das palavras, escritas com pó de estrela, ilumina um céu, feito de pautas e papel. Palavras e versos que me embriaga com beleza estonteante!!!
Perfeito, meu querido!!^^
Beijos
neste então explodem galáxias,
abraço
Gosto muito do seu estilo Celso. Mais um poeta para que precisarei achar tempo (nesse corre-corre) pra ler...rs. O tato da saudade é rubro, um azul que se entristece...um belo poema!
Beijos,
Te ler é me enriquece do tamanho do universo; é uma prazerosa viagem intergaláctica. Belíssimo!
Os versos da zona de luz estão bem aí, na essência desse doce e triste poeta.
Que bonito teu poema, Celso!
Um afetuoso abraço
Marlene
palavras insolúveis...amassam coágulos de vida.
Bello meu caro!!! Grande abraço
Muito grato aos amigos que comentaram e sua generosidade. Grande abraço a todos.
Celso
O melhor nesse poema são as inúmeras viagens contidas em cada estrofe e em cada verso. Tive que ler tres vezes e ainda sinto que não deixei a poesia me penetrar por completo...
Sigo lendo!
Beijos!
Aline Morais Farias
Periódico Subversivo
http://alinemoraisfarias.blogspot.com/
és um poeta digno de releitura...
evoé!
Que maravilha de ser... Sua pessoa!
É um duplicado prazer.
:)
http://pulsarpoetico.zip.net
Me agarro aos sonhos do "amanhã", é o único fio que reune dias renovados, sem amarras e com ausência de correntezas, sei que alí, o tempo cicatriza as marcas presas aos remorsos, onde enfim, encontrarei a "zona de luz".
Repito, é um prazer tê-lo sempre ao redor do meu mundo.
Um abraço, poeta!
Lindo e triste poema, repleto de sonhos e marcas, beijos!
Ai... minha tristeza mina das entrelinhas de tal beleza que é teu poema...!
Lindo!!! ♥
Amei.
Beijos querido! ^_^•
irrepreensivelmente luminoso este teu texto, amigo celso.
sabes? deixei de procurar os estilhaços dos meus versos. são uns amotinados, esses :)
abraço!
A pergunta final me remeteu de encontro a um horizonte distante que a gente acredita alcançar a qualquer momento e diz "amanhã" pra ele olhando-o com a certeza de que haverá tempo e lá ao longe, ele zomba de nós com suas garças farfalantes. bacio
Aline, Cris, Graça, Ana M, Milene, Kiro: generosidade feminina não se dispensa... beijos!
Meu caro Jorge, deixar as palavras se amotinarem é dar a liberdade que prezo na poesia. Grande abraço, amigo!
Menina do Sótão, serás sempre bem vinda neste porão de sentidos e direções. Obrigado! Beijo.
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