segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Sentidos e Direções


Uma conversa com o oceano
e a frase-fase de ondas enganando o tempo.

Um verso sujo de limão doce,
uma procura por pitangas
e a leitura triste da lua,
que sabe ser finda.

O não ficar pra sentir
saudade.

Percepções não se compram em roseirais:
jardins ofendem a tristeza
como espinhos de olhos que ferem.

Cegueira de sentidos se palpa com pele queimada.
Camadas de vida se amontoam sob meus dias
e meus pés já não são mais alados.

A contra-mão é a direção, devia vir comigo.
Não quero mais subir montanhas onde o ar é azul
mas, rarefeito, pode dar falta de luz.

Vou voltar três léguas e meia;
a solução se escreve com lápis de cor.
Agora é esperar meu cavalo chegar
e parto.

(Celso Mendes)

Um comentário:

CARLA STOPA disse...

De uma Escrevente para um Escrevinhador...Adorei teu espaço.