a rasgar pétalas
apanhadas do vento
giro, giro
entonteço, entorpeço
mas toda lágrima tem um preço
e sal
rimas, nem as busco
tenho andado um tanto dispersivo
talvez pelo pólen que me brilha nos olhos
por isso me agarro a grãos de areia
não é o vinho
nem sua mancha
fantasmas habitam em árvores
e nas paredes mora um passado
percorro olhares como a um instante
mas instantes não existem mais
pássaros, sim os pássaros
então me distraio com livros e formigas
há dois contos e um menino perdido na página trinta e um
nuvens, sempre as nuvens
eu calo por não saber gritar
mas minha arma está carregada de palavras
agora entendo aqueles trens
que percorrem trilhos de cristal
e sempre partem
ingresso nessa frágil viagem
caminhos
quantas vezes precisei deles
(Celso Mendes)
Um comentário:
Que esse pólen nos olhos se conserve
e descarregue sempre essa arma
carregada com tua poesia...
Bela viagem, Celso!
Abraço, amigo!
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