domingo, 14 de novembro de 2010

Escolhas

a rasgar pétalas
apanhadas do vento
giro, giro
entonteço, entorpeço
mas toda lágrima tem um preço
e sal

rimas, nem as busco
tenho andado um tanto dispersivo
talvez pelo pólen que me brilha nos olhos
por isso me agarro a grãos de areia

não é o vinho
nem sua mancha

fantasmas habitam em árvores
e nas paredes mora um passado
percorro olhares como a um instante
mas instantes não existem mais

pássaros, sim os pássaros

então me distraio com livros e formigas
há dois contos e um menino perdido na página trinta e um

nuvens, sempre as nuvens

eu calo por não saber gritar
mas minha arma está carregada de palavras
agora entendo aqueles trens
que percorrem trilhos de cristal
e sempre partem

ingresso nessa frágil viagem

caminhos
quantas vezes precisei deles

(Celso Mendes)

Um comentário:

marlene edir severino disse...

Que esse pólen nos olhos se conserve
e descarregue sempre essa arma
carregada com tua poesia...

Bela viagem, Celso!

Abraço, amigo!