terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sopros, sonhos e areia

Suas mãos descamam camadas de lembranças
Seus olhos não secam
O brilho do não é infinito
Mas nada acabará pra você

Console-se pelo já perdido
Esquecer não faz parte do jogo

Também não queira saber além de seu tempo
Tente, apenas continue

Uma boca no deserto
Três dias para compreender
E uma vida para esquecer

Não tem sentido?
Então experimente não saciar a sua sede

Todo segredo é segredo
Todo presente é uma revelação
Toda verdade é relativa

Cada pele tocada, uma textura
Cada carne que morda, um sabor

Sinta, saboreie, guarde
Hipocampo e papilas gustativas existem para isso mesmo

Remeta ao vazio vez ou outra
Mas não fique muito tempo sem mim

Ah, eu sempre achei que a vida começa aos cinco
Lembra?
Estava errado

Continue contando as luas, as balas, os sorrisos
Mas saiba que é bobagem memorizar a contagem

Volte a pisar apenas nas pedras claras
Para não queimar os pés nas escuras
É divertido

Salte nuvens novamente
Se cair, já sabe o que é um ralado
E que a dor é preciso, é fundamental

Acho que devíamos caminhar um pouco
Quem sabe encontremos a praia outra vez

(Celso Mendes)

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