sábado, 5 de abril de 2014

O GUME


coleciono pétalas com gumes afiados

uma calmaria habita-me a carne
a espera do corte
a espera do sangue

uma eletricidade arterial me inunda
enquanto hiberno

relâmpagos
vejo que ainda os sinto

esperas
sinto que ainda as vivo

coleciono pétalas de gumes cortantes


(Celso Mendes)

5 comentários:

João A. Quadrado disse...


[como quem se afia, palavra
no gume do dia.]

um abraço, Amigo Celso

bL

manuela barroso disse...

As pétalas permaneceram aqui, contendo o perfume nas artérias da saudade!!
Que bom revê-lo, Celso!
beijinho

cirandeira disse...

E se as pétalas arrebentarem repentinamente, Celso? Conseguirás
contê-las? A noite costuma ser longa, ao contrário do tempo de
vida das pétalas, Deixa-as brotarem na correnteza de tua veia
poética...!

Beijos
P.S.: gostaria de conhecer o teu "Passeio", fiquei curiosa.

Lídia Borges disse...


Verso tenso na vibração das pétalas.

Um beijo

Cris de Souza disse...

Afiadíssimo!