sexta-feira, 27 de maio de 2011

Sopro


oh, fole da palavra-fogo
aplaca este gelo que me fere a língua
derrete esta casca que me oculta o lírio
ora pela asa, pela casa, pela roupa seca no varal
pela tenra semente do alcaçuz
pelo broto de sílica no quintal
pela unha rasgada a punhal
pela contumaz mudez imposta à carne

ora, ainda, pelos gritos engolidos
[ou perdidos em buracos negros]
pelos lábios costurados a fios de aço
pelo corte na cartilagem cricóide
pelas ranhuras neste corpo caloso
pelas feridas
pelas cicatrizes
e pelos meus olhos alados
que não se querem pousar

(Celso Mendes)

29 comentários:

Luiza Maciel Nogueira disse...

Que a sua prece seja ouvida e que você consiga o que pede, não só como também, saiba abrir os olhos para ver se chegou e que usufrua disso. Um beijo

Unknown disse...

sopro mágico, rasgo de poesia elevada

abraço

marlene edir severino disse...

Que ative este fole a combustão
e que fiquem alados, sim, teus olhos, poeta!

Um beijo, Celso!

Marlene

OceanoAzul.Sonhos disse...

Celso, os seus poemas sopram sentimentos e atiçam as palavras mais mornas tornando-as imponentes aos olhos e aos sentidos dos leitores.
Um beijo
oa.s

MARILENE disse...

Que seus olhos alados possam pousar e ver além de lábios costurados, feridas e cicatrizes.
Que o fogo derreta o gelo que lhe fere a língua e que possa rasgar o silêncio com palavras tão lindas quanto esses versos.

Bjs.

Cris de Souza disse...

sopro fátuo não nega fogo e o poeta mete brasa!

maravilhoso, como tudo que assinas.

beijo desta impaciente, doutor da lira.

Anônimo disse...

Que o poeta mantenha sempre esses olhos alados...

Belíssimo, assim como o poema que me deixou lá em meu blog... Fiquei impressionada com a sintonia de palavras!!!

Beijos, querido e ótimo fim de semana.

Onde Pousam as Borboletas disse...

"... e pelos meus olhos alados
que não querem pousar."

Os olhos não pousam, quando nossa alma flama por voos, por conheceres, saberos versos que não nos capta o silencio e dele desprende a mais desejada poesia.

Teus versos são sempre muito belos!

Parabéns, amigo Celso.
Ótimo final de semana.

Suzana Martins disse...

É a poesia que aquece o papel queimando a nossa alma...

A bela forma são seus versos que queimam...


lindo

beijos

Carla Fernanda disse...

Boa noite Celso!
Passando para uma visita de sextaq-feira.
Saudações,
Carla

Sândrio cândido. disse...

Prece doloria e necessária
abraços

Lê Fernands disse...

doces lembranças das
minhas aulas de anatomia!


:D

bjsmeus

Anônimo disse...

Uau! Seu poema me causou calafrios na alma... rs Que intensidade! Palavras rasgando a carne, deixando exposto toda vida que fica dentro, fora desse olhar raso da superfície... amei!

Beijos :)

Jorge Pimenta disse...

deus do fogo.
prometeu em eco.
poesia em chamas.
abraço, querido amigo!

dianafilipa. disse...

~' estou a seguir.

Celso Mendes disse...

Feliz pelas visitas e comentários, sigo aqui o meu sábado de outono.

Beijos, abraços, meu carinho e meus agradecimentos a todos!

Jullio Machado disse...

Olhos de poeta nunca pousam; no brilho das estrelas ficam eternizados.

VOA, POETA!

Poesia é para o poeta
Vício
Sacrifício
Artifício
De voar e voar e voar...

Larissa Marques - LM@rq disse...

gosto muito!

Milene R. F. S. disse...

Que seu poema quase oração seja atendido, querido amigo. Belo! Beijos.

Canteiro Pessoal disse...

Celso, que nobre o acabo de ler.

AMEI! Simplesmente, tocada e apaixonada.

Abraços

Priscila Cáliga

Peônia disse...

Lindo poema! Parabéns poeta!
Abraço!

rauau disse...

Caro Celso, a admiração é recíproca! Mas, as palavras que me deixa são sempre de uma gentileza comovente. Eu, deixo-lhe um "bonito", significando um estado de prazer poético e incapacidade de juntar palavras que possam exprimir um abraço comovido pela intensidade e continuidade qualitativa da sua criação.

Abraço, forte e sentido
Raul

ps. o seu exemplar, edição especial, está embrulhado, só falta o seu endereço para que o receba como oferta.

Sandra Subtil disse...

Que beleza de poema! Palavras que nos queimam.
Um grande beijo Celso

Menina no Sotão disse...

Algumas poesias apenas me silenciam. Aliás, isso tem acontecido muito ultimamente... E depois segue queimango linhas como se fosse horizonte.


bacio

Lídia Borges disse...

Uns olhos alados são tudo o que basta para poder voar sobre a inquietação.

Belo o seu "sopro"

Um beijo

Anônimo disse...

Por mais incrível que pareça, você, poeta, conseguiu fazer do corpo absurdado e dilacerado por versos fortes, instrumento de música!

Sonoridade ímpar, em refrão às estrofes de cisões profundas.

Grande abraço.

Smareis disse...

O seu poema é perfeito e profundo, suas palavras ganha vida em cada versos, derramado com emoção de um poeta. Gostei muito! Um abraço!

Catia Bosso disse...

Cálido e eloquente... adorei!

Passei pra conhecer e já fiquei...

bj.

Catita

Anônimo disse...

Vim reler esse poema neobarroco, de que gosto muito!

Abraços.