irrompe o dia,
assim, como por muito insistir,
a destrancafiar-se da longa noite
onde o pesadelo ungia sonhos
e a boca louca balbuciava
desconexas verdades imperfeitas, assim,
como todas as verdades.
irrompe o dia
enquanto a lua derruba sua tristeza
encharcada de nuvens, estrias de ventanias,
de sombras incandescentes; comovida com a desesperança
que resta sob esta pálida luz bipolar.
irrompe o dia
a suplicar o novo, a suplicar de novo a todas as esquinas
para que não se virem, assim,
súbito, e para que as palavras não fujam por entre caules de
árvores outonais, desguarnecidas de folhas e flores, assim,
sem registro, mudas, inaudíveis.
irrompe o dia
a desesconder esconderijos, rotas de fugas fúteis,
inúteis navegares.
irrompe o dia a farfalhar fantasias vencidas
e a destruir as máscaras intactas de um tempo pretérito.
irrompe o dia no eterno aguardo da nova noite,
definitiva.
(Celso Mendes)
28 comentários:
E quando irrompe o dia, engrandecemos com poemas de sentir como este.
abraço
oa.s
entre o romper da aurora e o ocaso, as palavras - brancas, frágeis, imaturas - desprendem-se dos ninhos e alçam asas num voo de infinito. o poeta renasce num novo amanhecer.
um abraço, poeta amigo!
Uau! Maravilhoso!
Beijo.
muito lindooooooo!!!!!!!
Adorei o seu espaço, Celso! Muito bom!
entre um alvorecer e outro que haja vida,
a
braço
Moça Azul do Oceano de Sonhos, lembro sempre de Eugénio de Andrade e seus azuis com este seu avatar. Grato pela sempre presença!
Irrompe o dia, a folha vírgem ainda por se desfolhar nova e viçosa, com o desembainhar do sol, com seus gumes dourados, envernizando a pele ainda nua coberta de orvalho e segredo.
Abraço amigo. Poema que irrompe viver.
Irrompe o dia nos trazendo versos como os seus, que nos fazem sonhar... lindo Celso, beijos.
Adorei tudo por aqui. Sigo.
Um poema com imagens interessantes e reflexivas.
beijos
Jorge, obrigado, amigo. Tuas palavras sempre soam como poesia. Honrado com tua visita.
Abraço!
Lara, sempre que gosta, fico muito contente. Obrigado pelo incentivo. Beijo.
Silvinha, obrigado pela visita. Fico feliz, viu?
beijo.
Fred, valeu meu caro. Agradeço muito! Abraço!
Assis, grande poeta, obrigado e um grande abraço!
dias definitivos determinam...
bjsmeus
Irrompe o dia...Destruindo máscaras pretéritas e sonhando auroras, sempre, até ser noite eterna...
Uauu...
Inrrompe o dia, cheio de versos carregados de ventos e brisa suave... Rompe a aurora com o todo o sentir de belas palavras...
Lindo
beijos
Márcio, muito obrigado! Sua palavras soam sempre um novo poema.
abraço!
Milene, Valéria, Sandrio: muito feliz com suas presenças aqui!
abraços!
Fiquei aqui imaginando as linhas do seu dia que precisa ser rompindo para dar "luz" as trevas. Talvez porque esse desenho tenha mais semelhança com os versos. A luz do dia em alguns momentos fere os versos e mais ainda o poeta que se sente atormentado com os holofotes humanos.
Mas então ouço eco da noite e o que rompe de fato são as trevas que se silenciam e a luz volta com seus sons e movimentos.
Romper é sempre duas direções, duas possibilidades. Luz, trevas... Dia, noite... Pele, sensações...
bacio
Lê, Carla, Suzana: obrigado, meninas...
beijos
Menina do Sotão, sua interpretação do texto me deixou encantado. A percepção de quem lê é sempre única e isto que me encanta na poesia. Muito legal seu comentário.
beijo.
A voz permaneceu muda, ficou apenas o silêncio me mostrando estradas para guardar seus versos em minha mente. Maravilhoso!
Um abraço forte da tua fã, poeta.
O dia irrompendo, destrancafiando-se da noite, como se estivesse enclausurado na escuridão e dela roubasse a chave, ávido da luz e da liberdade, "como são todas as verdades imperfeitas e desconexas" que os sonhos alimentam, ávidas da liberdade de irromper a realidade.
Celso, seus poemas tem o condão de atar o concreto à subjetidade em relativa ambiguidade, o que atiça os sentidos do leitor.
Belíssimo esse e muitos outros poemas de sua autoria.
Um grande abraço.
Celêdian
Ana, obrigado, minha querida amiga!
Calêdian, fico realmente lisonjeado com seu comentário. Tenho deixado as palavras me conduzirem, não tenho muito controle sobre isso. Quando consigo que fluam, faço de conta que é um poema...
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