sexta-feira, 11 de junho de 2010

Avoando inutilidades pseudo-factuais


Enquanto formigas labutam em linha reta, penso torto: zunem as asas da abelha ou seria o ar a festejar mais um voo? Não gosto de atritos, prefiro a sabedoria das curvas, que sempre me possibilitam ver as coisas por um ângulo diferente.

Entretanto existem algumas certezas quase retilíneas...

Toda luz que atravessa frestas rasga sombras. Nem toda luz que conheço é sol, mas toda vida sim (a que conheço). E nem todo o escuro conhece o sol. Essas pertinências por vezes me incomodam. Melhor mudar de rumo.

Um pardal pia e pisca suas penas rindo de mim. Ele pensa que eu não sei de nada. Mal sabe que aprendi que pedras se fingem de surdas e podem ser disfarces de estátuas ou deuses. Outros pardais pousam próximo e me olham com o mesmo desprezo. Talvez tenham razão. Só sei o que penso saber e minhas verdades não são mais verdadeiras do que as deles; muito menos minha sapiência. E só sei voar de mentirinha. Mas é tão gostoso...


(Celso Mendes)

3 comentários:

Márcia Maia disse...

Eita! Que coisa boa!
Vou linkar lá no meu itinerário, tá?

Beijo daqui.

Celso Mendes disse...

Eita, obrigado Márcia! Link à vontade...

Márcia Poesia de Sá disse...

Obrigada pela gentileza Celso, como eu esperava ainda mais lindo completo! és de uma sensibilidade tocante!

"Toda luz que atravessa frestas rasga sombras."

...aplausos sempre.