sexta-feira, 25 de junho de 2010

Poema Sem Tema

Talvez eu fale aqui desta minha ansiedade ortomolecular
ou dos restos mortais
daquelas fotografias cravejadas de olhares
das abstinências que sobem por paredes escorregadias
e congelam resquícios de lucidez
ou, quem sabe, de simples amores de prateleira

Talvez resolva apenas pendurar duas gotas de sal neste cadarço
antes de amarrar minhas mãos e desatar a minha língua
aparar a grama enquanto rolam ilusões
redefinir conceitos inexistentes
realçar bocas pintadas de libido
resolver equações geométricas
ou pequenas questões de física quântica

Queria mesmo era escrever um poema sem tema
dizer das impurezas de verdades inconcebidas
desacreditar da necessidade pragmática da escrita
rimar palavras pobres com idéias ricas
deslizar alguns símbolos gráficos sobre o branco
manchando-o com frivolidades incontestáveis
rifar pensamentos inúteis
e apenas
fluir

(Celso Mendes)

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