deve ser mesmo assim este tempo de espera, esta madorra,
este aguardo do início ou do fim. deve ser por isso esta pachorra que me
assola, este naco de calma, este olhar a se perder sobre gerúndios perfilados,
essas flores a pedir por vento. e essa
lua dormindo no lago, imóvel e serena, calada, deve ser mesmo assim. talvez
seja apenas a estupefatez destes meus olhos desguarnecidos, talvez apenas minha
fragilidade ante tanto mundo, tanto fundo, tanto tantos. o que me abriga se
repete, o desafio é o novo. mas eu guardo alguns segredos só meus, os usarei
quando bem aprouver. ainda tenho fome de tsunamis. mantenho a lembrança do
mistério das entradas e o descaminho das saídas cá comigo. usarei quando bem me
aprouver.
(Celso Mendes)
Um comentário:
O sentido, talvez, se abrigue justamente no desejo que resiste apesar das fragilidades.
Ler-te é um privilégio.
Beijos
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