volto porque sou breve
[mas nem sempre leve]
porque sou de sangue
sou de carne e vento
e levo este peso que corre
nas veias
de todos os homens
em mim
volto
volto porque a linha é
finda
e porque a linha é curta as
palavras se infinitam
e os espaços se comprimem
e estes sonhos se amontoam
ossos me suportam
água me aglutina
fogo me alimenta
fogo me alimenta
sou pedra, rio, tempestade
verto
reciclo
chovo, chovo
mas não para sempre
: por isso volto
volto por que
a luz é breve
eterna
é a escuridão
(Celso Mendes)
6 comentários:
Teu talento no trato da palavra é tão precioso quanto preciso.
Algo como o mito do eterno retorno numa linguagem poética e envolvente.
Lírica, densa e profunda tua poética.
Abraço do Ricardo Mainieri
O sentir poético nas veias... Volta, pois é a lei do princípio. Amei a tua maneira de poetar. Lindo fim de semana.
Ah poeta maravilhoso!, e como poderias não voltar? E quando voltas és ainda melhor (ainda mais de melhor...) O que sei e o que eu sinto quando te leio é algo que me é familiar e estranho a um só tempo, que me toca nas profundezas. E eu sinto falta de tua poesia. Passaste um tempo sem postar e eu também tive que ausentar-me: fiquei duplamente saudosa, mas agora estou me sentindo recompensada com todos esses poemas. PARABÉNS!!!
Um beijo, poeta!
"chovo, chovo
mas não para sempre
: por isso volto"
Não chover para sempre é divino.
Tenho comigo a opinião que a Vida tenha sido originada na escuridão. Tenho como Vida a Morte, e a Morte como Vida...
Vejo no poema "Passagem", algo que não poderia ver de olhos abertos, pois a Luz parece ofuscar minha visão.
"volto por que
a luz é breve
eterna
é a escuridão"
Querendo ou não acreditar na Eternidade, ainda assim eu morro a partir de minha concepção. "a luz é breve", *a Vida?), "eterna é a escuridão", (a morte?)
Gostei muito, parabéns amigo Celso Mendes.
Postar um comentário