porque há buscas e desejos que são atemporais
só peço a ti duas gotas de pólenque caminhem cores por meu nervo óptico
duas aberturas
no fundo fosco
deste corpo vítreo
onde vaze vida
para um riso raro
neste espaço escuro
só dois grãos de sol incrustados na areia
e um único voo no vácuo da luz
que se perde no espelho
e na lassidão
desse longo degredo
entoado sem voz
segredado nas sombras
só peço a ti duas contas negras e a palavra muda
.
.
.
para eu me atirar
bastam-me teus olhos
(Celso Mendes)
29 comentários:
apesar de inédito, este é mais um poema antigo, que estava abandonado e reeditei com algumas modificações. curioso a gente ver o que escrevia há um tempo atrás com a isenção do que se sentia naquele momento. e também ver como mudamos aos poucos a maneira de escrever...
Muda a maneira de escrever mas a essência está cá. Escreves com a alma, amigo.
Beijinho
Percebe-se mesmo certos traços com os quais vamos perdendo para ganhar outros ou vezes só anular mesmo
abraços
"bastam-me teus olhos"...que lindo, Celso! Abs ;)
Belíssimo CELSO!
Várias partículas me penderam ao poem a começar: "só peço a ti duas gotas de pólen que caminhem cores por meu nervo óptico
"o corpo vítreo" e vulnerável.
Mágico e nelo!
Beijos, POETA!
Mirze
poesia sabe ser companhia perfeita... surge no momento certo em que nosso silêncio pede um sentido...
belíssima expressão poética, Celso meu amigo!
beijinho carinhoso!
Celso, esse poema é muito belo
"duas gotas de polén
que caminhem por meu nervo óptico"
é uma imagem linda e original, adoçou minha boca, nos primeiros versos.
e, sim, basta um olhar para que nos lancemos...um olhar precipício, ou um olhar fundo de mar...um olhar que nos arrebate...
beijos
Magnífico! Só mesmo a poesia alcança o sentido com tanta beleza!
Beijos
Dolce
Por isso que eu digo que poesia é pele. Quando toca fica e se espalha.
Engraçado você dizer que é um poema antigo. Os escritos antigos sempre me causam espanto. rs
bacio
Celso,
"para eu me atirar,
bastam-me seus olhos".
O olhar além espaço e tempo, aquele que edifica tudo, mesmo o que ainda não existe, ou talvez, nem se fará.
Lindo poema!
Beijos
Como uma poesia tão cheia de entrelinhas consegue tocar tão diretamente o leitor? Além do deleite lírico, há o deleite visual nos seus versos, Celso. Cada palavra resulta em uma imagem e cada imagem é mais bonita que a outra.
A Poesia é atemporal e eterna mesmo
e até quando modificamos nossa forma de expressar-nos!
Vê-se que tua essência poética
permanece rica e bela como dantes,
e pelo andar dessa carruagem ainda
conheceremos muitos relatos dessa
viagem tão cheia de imagens surpreendentes!!!
um beijo, Celso
que belo Celso, uma linda entrega
beijos
da rota, o avesso...
belíssimo!
bjo!
"só dois grãos de sol incrustados na areia
e um único voo no vácuo da luz"
Mudamos, sim, mas há marcas que se fixam para sempre e se revelam identidade poética.Identifico a beleza das metáforas a musicalidade,o ritmo, sedução da palavra sobre o leitor.
Um beijo
Quanta maravilha podem fazer dois grãos de sol!
Dois grãos de sol ou o seu olhar.
Lindo, querido! Encontre mais escritos desses...
Meu beijo.
querido amigo,
li o texto e todas as demandas que inaugura, tendo-me detido nos olhos, esses que abrem todos os precipícios que salvam. achei especialmente curioso o enquadramento, onde falas de revisitação a um texto que republicas com modificações; hoje fiz isso mesmo, talvez pela primeira vez: acedi ao desafio da suzana, do entre marés, e recuperei um texto de 2008 que quis apenas polir, num primeiro momento, mas que julgo ter transformado num texto outro. :)
somos mesmo os contornos das palavras: como elas variam com as latitudes do ser.
um forte abraço!
Querido amigo Celso,
...esta é uma das poesias que mais profundamente me tocou!
Uma mensagem de uma nostalgia tocante que absorvemos e que nos absorve. Sabe que me entristeceu?
Deixa para lá! É o inconsciente que fala!
Dizer que é bela, é pouco. è brilhante.
Grande abraço
duas vezes belo!
beijo, doutor da lira.
Celso,
Nunca se sabe qual a intensidade da chama por trás de um olhar até mergulharmos nele... e o mesmo fogo que queima, tb sabe encantar.
Nem sempre a rota de fuga, salva, mas vale o risco!
Muuuuito lindo e o desfecho mais ainda!
Bj grande, meu amigo.
E basta tão pouco... mas de uma gandeza enorme, aqueles que tudo dizem, mesmo em silencio - os olhos -
Excelente meu amigo.
beijos
cvb
eu tbm...
só preciso dos olhos!
amei, querido.
lindo demais.
bj meu
Olhos... Sempre me rendo a esse abismo!
Ao longo do caminho vamos trocando as peles, mas todas as faces existem dentro, assim, os poemas podem outros céus, mas sempre no mesmo vôo.
Sempre que volto a um poema, eu o estrangulo e ele nasce novamente.
Muito linda, essa rota de fuga!
P.S. o judô fez parte da minha juventude, sim!
Pedes pouco pela beleza do poema que oferces, Celso.
Demais!
bjs
Rossana
...e s´o te peço duas gotas de pólen para fecundar a primavera. Ela fica triste sem ti!
Abraço, querido amigo Celso
Muito, muito belo; que final é este? Oh-My.
Mar
Dois olhos são pouco tão belos versos. Lindo Celso! Beijos.
Para o que já está cheio, duas gotas bastam para transbordar.
Belo, querido.
Beijinhos, mas volte logo.Tenho saudades de ti.
os olhos são a porta para o que vai dentro, bem dentro
ainda bem que foste à gaveta esquecida, eu vou descobrindo aos poucos o teu blogue [foi difícil descobri-lo, mas a Joelma deu-me uma ajuda]
Abraço
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