cacos violeta de um
caleidoscópio
ecos, reflexos, cacos
giros violeta de todas
as cores
de repente a visão, mas não há imagem
e o que eu supunha indelével
eram apenas pegadas em tempestade de areia
apenas o início do precipício
um lapso negro
do dia mais brilhante
do que eu previra primavera
há momentos em que a estrada escapa-me dos pés
como se engolisse o olhar de aves migratórias fora de seu
rumo
em rotas tortas que indeferem sentidos
como o decidir a revoada dos dedos que seguram as asas em
silêncio
a calar sobre costas que pesam cem milhões de lembranças
de repente a visão, não a imagem
há momentos assim
impregnados da descoberta da verdade doída da ilusão
de se palpar o irreal
de se enxergar o que não há
mas há
assim
(Celso Mendes)
32 comentários:
CELSO!
Conheço exatamente como são esses momentos, onde nos escapam os pés. Firamos e na ilusão vemos a imagem como visão. Sempre há. Tanto dentro de nós como na superfície do olhar, a realidade do irreal.
MUITO BONITO!
Parabéns, poeta!
Beijos
Mirze
Celso,
Segurar as asas em silêncio...
E sem expectadores,
ouvimos o insonoro silêncio,
mas é preciso calar para ouvir a voz do silêncio e soubeste bem ouví-lo: com teu poema!
Lindo, Celso!
Beijo daqui!
Oi Celso,
Adorei!!
Esse teu poema me descreve.
O momento que passo, não é nada confortável, essa sensação de escapar-me os pés, mas sei que tudo passa. Nossa isso já é um desabafo..rs
Beijo meu
mesmo no inefável, no inaudito, no invisível ou mesmo improvável, há um tempo e um espaço próprios, anunciando o seu reverso. como os espelhos: imagens rigorosamente iguais, ainda que o direito do lado esquerdo e o esquerdo do direito. quase impercetível, mas, ainda assim, gritando a diferença.
admirável este teu texto, amigo celso. o final, então, não é um espelho, mas todos os seus reflexos:
"há momentos assim
[...]
de se palpar o irreal
de se enxergar o que não há
mas há
assim"
um forte abraço!
de repente a visão, não a imagem
há momentos assim
impregnados da descoberta da verdade doída da ilusão
de se palpar o irreal
de se enxergar o que não há
mas há
assim
Há visões que nunca saberemos ao certo se são reais ou irreais ...
Como sempre, Celso, eu fico a navegar no seu mar imenso de ricas metáforas e grandes reflexões.Belíssimo.
Beijos, querido e bom domingo.
Adorei!!! De facil identificação...Afinal como diria Quintana o bom poema não é aquele que lemos mas sim aquele que pode nos ler!
Sempre uma delicia visitar seu espaço...
Beijo!
Aline Morais Farias
o que nós vemos? entre o que se constrói na membrana e os espelhos a se refletirem? nas minhas retinas fatigadas....
o
abraço
há momentos assim, impregnados da luminosidade dos punhais.
minhas reverências!
beijo, doutor da lira*
há momentos assim... em que a estrada nos escapa...
enquanto isso podemos ler em silencio, corações e sentires de uma profundidade imensa. Parabéns Celso!
beijos
oa.s
Às vezes o que não há (o irreal, a ilusão) é tudo o que nos resta, portanto...
Doeu aqui, Celso, me fez lembrar de uma fase recente bem complicadinha. Tão boa essa sensação de familiaridade, ainda que envolva momentos tristes, porque nos mostra que não estamos sós nesse sentir visceral.
Um beijo.
* Sempre vale a pena esperar pelos teus textos.
Há momentos assim, em que a realidade despenca feito fardo pesado sobre os sonhos.
O bom é que as esperanças vãs se recolhem a sua insignificância.
Lindo poema, querido.
Bjs
Rossana
há sorrisos em mim que ultrapassam o imaginário do sentir. Há vidas em mim que diferem de qualquer sentimento que respigam em momentos eternos.
há mim um punhado de coisas, dessas sentimentalidades que sobressaem o entender...
Lindo meu querido amigo.
Estava com saudades...
Beijos
"há momentos em que a estrada escapa-me dos pés"
São momentos avassaladores em que a incorporalidade dos sonhos nos levam pela mão até às portas pesadas do real.
Um beijo
L.B.
Crise... um pessimismo latente envolve este poema...
abraços
bravíssimo Celso. O que os olhos da alma capturam existirá em algum lugar além...beijo.
Celso, gostei demais da apreensão do irreal em dedos-pássaro. O silêncio calando sobre costas, tentando palpar a verdade doída da ilusão. Metáforas que absurdam de beleza. Beijo!
Celso
Há sim, há momentos assim... em que nos perdemos do bando mesmo com a certeza que a rota que nos levaria até lá era a mais previsível e acertada de todas! Como dói descobrir que a ilusão, às vezes, é real!
Lindo poema, meu amigo, como sempre!
bj grande
Grande Celso!
Seu comentário banhado de M. de Barros la no blog entrou no espírito do texto, pois foi das leituras dele que justamente surgiu o personagem Inventório..
Quanto ao seu poema ora tecido, me pula aos olhos o seguinte verso:
"impregnados da descoberta da verdade doída da ilusão"
Aqui vai o entrecruzamento da verdade com a ilusão. Elas se banham do mesmo rio. Bebem da mesma água.
Parabéns, poeta!
Passando para te reler e desejar um ótimo restinho de semana.
Beijos
Há momentos assim...em que o leitor lê um poema e fica abraçado a ele! São as metáforas que beijam os sentidos da alma e lhes oferecem sorrisos de primavera :-)
Foi assim que eu fiquei. Obrigada por esta beleza imensa de versos...
Beijo do meu mar*
Eu tive momentos assim, sem chão, os pés nas nuvens. Os dias passando na velocidade irregular. As coisas se perdendo de mim. E a ilusão lá a me socorrer. É impressionante como a ilusão sempre fornece o conforto necessário.
Ps. será que esse poema poderia participar do volume inicial da revista "mostra plural"?
Belíssima construção poética em torno do sentido revelado.
Ler-te é sempre bom demais!
Beijos
Dolce
Agradeço de coração a todas as visitas e comentários e peço desculpas pelo pouco retorno, mas o tempo anda-me escasso.
Luna, minha querida Menina do Sótão, seria uma honra ver o poema publicado em sua revista!
Oyahoo Celso, Hajime mashita.
Bom dia Celso, muito prazer!
Vim passear no seu blog e deparei com um momento vivido, onde não encontramos em que estrada estão os nossos pés... mas não podemos deixar
que a própria estrada interfira no nosso caminhar, continuemos e encontraremos o horizonte que nos calcara seguramente e prossigamos com os pés a sentir o chão...
Voltarei mais vezes, gostei do seu blog.
Abraços
Giovanna
Sempre com a boa pedida, né Celso? Parabéns, nobre!
para a poesia nao precisamos dos pés...aliás, sequer precisamos de olhos pra enxergar o que nao há, ainda que estivesse lá. vou ler-te Dr.Lira,rs
Celso, suas inspirações são sempre únicas, e o modo como transmite os sentimentos é belo demais!
"como o decidir a revoada dos dedos que seguram as asas em silêncio
a calar sobre costas que pesam cem milhões de lembranças"...vou te lendo...
Te vi tanto em outros lugares... só agora cheguei mais perto... vou ficando...
Beijinho com admiração!
Há momentos brancos, há momentos insônes, em que todas as sombras saem a caminhar... momentos indeléveis há... mas por sorte, há Sóis, há giros e há poetas que nos ajudam a mirar o raio de vida que necessitamos pra que o dia volte a nascer feliz.
Um beijos meu amigo, sempre bom te ler.
Carmen Vidráguas.
Ô, Celso, tu perdeu o bolo lá no blog...Poxa, estava tão bom!
Rs
Beijinho.
Hey, moço querido, teus comentários estão lá, só que na segunda página, devidamente agradecidos, respondidos e tal.
Clica no link "mostrar recentes" que os vê, tá bem?
Beijokisses.
;)
saudades de te ler, querido amigo celso.
um abraço!
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