escorre em minha saliva
e eu digo da ausência da palavra
e eu digo destas auroras-abismo repletas de vazios
dos mergulhos por onde me embrenhei
das manhãs e tardes insanas
à espera do consolo da noite
quando em minhas mãos
eu tinha a esperança do teu tanto brilho
a queimar-me as palmas
são nesses dias que recordo
ante o precipício de espanto das minhas midriáticas pupilas
o lado negro do arco-íris
sim, toda pérola tem a lembrança da areia úmida
e toda luz já foi matéria em combustão
e este canto não é um lamento
é apenas a memória de um tempo
em que te imaginavas minha
qual uma estrela que me caia
mas me feria
ao tentar reter
nesta brevidade de ser
a eternidade
do teu calor
a tua luz
nesta brevidade de ser
a eternidade
do teu calor
a tua luz
(Celso Mendes)
18 comentários:
"sim, toda pérola tem a lembrança da areia úmida
e toda luz já foi matéria em combustão"
Achei isso tão bonito!!!
As lembranças da areia úmida revela em nós pérolas de poesias e versos inteiros...
Beijos querido
E são esses vazios que propiciam tão belos mergulhos na palavra, feito este teu...
Bom demais!
E estava com saudade da tua poesia, amigo!
Afetuoso abraço, Celso!
Na ausencia da palavra existe ainda o silencio que percorre a alma e nos serve de consolo na noite, mesmo na ausencia de luz, mesmo na ausencia da palavra...
Snow Patrol, uma da minhas bandas preferidas e esta musica em particular, é linda.
Belo momento.
Beijos
oa.s
LINDO, Celso!
Todo escuro nos lembra a luz, mas a luz que mais brilha é a interior que você expõe tão bem nesse poema!
Parabéns, poeta!
Beijos
Mirze
E as palmas das mãos queimam pela esperança que seguram, pelo brilho que há nela e pela força que fazem tentando arrancar as palavras de dentro, que só saem, na verdade, quando se julgam prontas, mesmo que a gente não concorde com isso.
Beijos, moço.
bonito! Abraço, Celso
"sim, toda pérola tem a lembrança da areia úmida
e toda luz já foi matéria em combustão"
Concordo!
Gosto muito desta escrita salpicada de emoções.
Um beijo
L.B.
em chamas ficamos quando acabados e novamente ardemos ao recordar de que não foi possível simplesmente continuar e permanecer. foi insuportável aceitar a nossa possível exaustão em tentar instigar o amor. mas a pérola está límpida e a areia está intrinsecamente em seu ser.
saudades de passar aqui,amigo Celso!
abçs
Belíssimo! Não se pode reter alguém, muito menos por amor...
Ler-te é sempre bom demais.
Beijos
querido amigo,
a tua escrita é verdadeiramente apaixonante! além disso, há coincidências e acasos felizes. o teu texto imenso conduz-nos à embriaguez do ser quando adormecido sobre a lápide da memória e da nostalgia. há frutos de que apenas se come a metade, tornando-se (tornando-nos) incompletos para o tempo dos homens e da poesia. curioso ter discorrido, ontem, em torno do mesmo mote.
celso, poemaço, o teu! nenhuma pele sai inteira da sua leitura.
um forte abraço!
p.s. não sei o que está a acontecer... os meus comentários têm sido sucessivamente suprimidos... a ver se à terceira é de vez.
o lado negro do arco-íris me lembra os delicados trovões, daqueles rumores que na brevidade ensandeciam,
abraço
Forte e extremamente bonito. "Toda pérola tem a lembrança da areia úmida..."
Celso querido
Só as palavras conseguem perpetuar a brevidade do sentir! A mémoria é traiçoeira...
Teu canto, encanta, meu amigo!
Bj grande
"e este canto não é um lamento
é apenas a memória de um tempo
em que te imaginavas minha"...
A saudade é sempre um canto de dor.
Belo poema, meu caro.
bjs
Rossana
Uau! E que pérola! Show!
Oi Celso.
Visitando pela primeira vez tua página e encantada com tuas palavras
Adorei toda poesia que há em você.
Beijo meu
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