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Revisando conceitos
Esse desmanche de fetiches sob meus pés ferem-me as retinas
e hoje eu não estou para limonadas.
Pouco me importa esse seu olhar enviesado
a atravessar meu semblante interditado;
tudo não passa de um espetáculo improvisado
onde citronelas se defumam lentamente
espantando mosquitos, besouros sensíveis e transeuntes anônimos.
Repare nas minhas mãos esburacadas:
elas estão vazando e não consigo mais
segurar suas mentiras nem meus delírios.
Perceba, minha fome está voltando
e meu desejo de devorar feitiços se manifesta
em cada serpentina
lançada de antigos carnavais.
Hoje eu posso digerir o fogo dos dragões sem queimar minha armadura.
Estou jogando as cartas para o ar a espera da mágica;
não se iluda, que a inocência já se foi há muito.
Agora eu vou morder a mesma víbora que me picou e sorver o seu veneno.
E o deleite é nosso, meu amor.
Então vamos, que o inferno ainda não chegou e temos muito o que morrer.
(Celso Mendes)
20 comentários:
Assim que eu gosto: quando sou arrebatado logo nos dois primeiros versos!
Ótimo, Celso!
[ como se... Enfeitiçado,
reverter a feitiçaria...]
Muito bom, Celso!
A-do-rei
Beijo
Este é um poema que andava perdido em meu pen drive há muito tempo, de um tempo que algo me incomodou. nada mais incomoda, conceitos revisados, então fiz uns acertos nele e postei aqui, pra mudar um pouco o estilo...
Muito interessante! Tem bastante do que tenho vontade de dizer. Por isso te ler sempre me revigora.
Beijo.
Fred foi arrebatado desde o início, eu fui sendo arrebatada até o fim, passo a passo, sem freio. Um Celso poeta um tanto diferente do que tenho lido, e gostei imensamente. Poem apra ontem, hoje, para esses dias em que tenho muito o que morrer!
abraços, Celso!
o deleite é nosso em te ler! nem precisa chamar duas vezes, já que me surpreende...
beijos, doutor da lira.
Uau!!!
Denso e visceral.
Eu gosto disso!
Lindo!
bjs
Rossana
Gosto de seu género versejador!
Poema bem intenso! :)
Quanta sensibilidade num poema só... Celso, confesso que me senti por um inseto picada, por uma citronela espantada... Adorei! Adorei o poema, claro! rs
bjs meus
Catita
Carai véi....que maneiro isso!!!
No seu caso eu diria que chega a ser....agressivo(?)
Surreal, forte e certeiro....
Muito classe, véi...verigudi memo!!!!!
Arrasaste Celso!
Muito bom este poema e o final é quase apoteótico!
Adorei.
beijinho
Poxa!!! Vim aqui fazer uma reciclagem e acabei fazendo um MBA!!!
Celso, este despir de asas está fantástico! Afinal todos temos um pouco de Diónisos que rejeitamos, em certa medida, mas quem reconheceria Apolo sem o seu oposto?
Um beijo
E até a morte, tudo é vida, como diz cervantes...(por mais que se morra tanto e tantas vezes pela vida)...e nessas idas e vindas, como poderemos viver sem nos deixar morrer de amor?
Adoro a tua intensidade menino...enfeitiçado pelo amar...pelo viver.
super beijo
Erikah
"Hoje eu posso digerir o fogo dos dragões sem queimar minha armadura."
Um dia o copo enche e transborda... que bom se esse transbordar fosse sempre em poesia... Perfeita!!!
Beijo
Celso, vejo aqui um anti-anjo-vingado!!!
Bárbaro!
Sem sombra de dúvidas um dos mais aguçados poemas que já li no seu espaço.
Há imagens que tonteiam, pela volta (ou reviravolta) que dão, e nossos sentidos vão atrás, embriagados.
{Parabéns, meu querido amigo que é tão assíduo no acompanhar meu blog, e a quem fico devendo tanto aqui... mas tenha a certeza: nunca venho sem sair impressionada!}
Um imenso abraço.
.
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Katyuscia
Celso, fiquei sem palavras... Arrebatador!
Um beijo
oa.s
Estou ainda em pleno voo...
A magia das tuas palavras é encantadora, me deu asas. A agressividade das entrelinhas beira o sensual e esse entrelaçar de idéias, sentimentos e desejos me tirou o fôlego.
É vida pulsante.
Celso, teria imenso prazer em recebê-lo no meu blog para saborearmos um chocolate quente. Quem sabe vc possa me ensinar como digerir o fogo dos dragões sem queimar minha armadura!
Há muito eu busco essa sabedoria.
Beijokas.
Seguindo...
Bom mesmo!! Acertou no alvo e disse quase tudo. É visceral quando escreve: Então vamos, que o inferno ainda não chegou e temos muito o que morrer.
Tal e qual! Subscrevo.!
Vamos então!
Abraço aqui deste lado do oceano :)
Esses versos me envolveram pela intensidade. Aos poucos, as mãos esburacadas eram minhas. O amor também era meu. No fim, quem ia era eu.
Lindão.
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