este arremedo de pensamento que me assola
estanca preces
robotiza quimeras
volatiza desejos
havia um tempo
em que os sentidos eram rubros
mas os dizeres eram vãos
e cada frase surda
escondia sua poesia
atrás de dispersivas pupilas
agora é o nada impresso nos dentes
a mastigar silêncios
de um discurso mudo
cansado e desconectado
aonde pousaram
as palavras
que te lancei
a cada olhar proferido
e que se perderam
como fécula em boca nua
como férula a ferir espaços
como ímã em contramão?
(Celso Mendes)
18 comentários:
cada tempo tem a sua poesia Celso, o vazio/o cheio - encontros/desencontros - ciclo de poesia (acho, sei lá), Adorei o poema, por vezes achamos que temos pouco nas mãos - mas quanta poesia há no vazio, não é mesmo - há toda poesia lá ou possibilidades infinitas!
bjs
Celso,
O vazio por vezes nos leva a reinventar,
o instante
e acabamos também nos reinventando
nesse infinito de tamanhas
possibilidades...
E afinal,
se não estiver vazio, que lugar haverá para o novo?
Um beijo!
Marlene
Obrigado, Marlene e Luiza. Ando com muito pouco tempo para escrever e resolvi postar esse texto já antigo, que achei perdido no meio de tantos outros. Tempos idos e retratados.
beijos.
Deu até um aperto no estômago...isso que chamo de texto "vivo"...Muito bom!
[]s
a sua poesia me encanta.
As palavras não se perderam, elas estão impressas nos dentes, nos olhos, nas mãos, nas suas atitudes...
beijos, querido.
E é em pensamentos que construímos os nossos dias, poetizamos palavras, escrevemos desejos, em tempos idos ou futuros, tudo escrevemos e sentimos, por vezes calado por vezes sofrido.
Foi um prazer recebê-lo no OceanoAzul.
Um abraço
oa.s
Ímã na contramão é cruel né! Mas casou direitinho no sentido de desfecho de teu poema. Belo poema!
bj
Catita
Celso
Que poema cheio de imagens fortes!
Sempre muito bom ler-te, a tua escrita é plena (aqui o vazio não tem lugar)
Beijinho
Tão belo quanto tua alma, resquiciosa entre palavras mudas que cantam versos a quem já não escuta!
És alma gemea da minha própria alma, quando assim expressas o desejo contido do querer amar a quem não pode ser amado!
Ah! Poeta! ♥
sei que o trânsito é livre para tua lírica, sinal verdinho em folha.
beijo desta impaciente, doutor da lira!
altíssima canção,
abraço
Que forte e bonito, Celso!
"agora é o nada impresso nos dentes
a mastigar silêncios"
e o que se engole
mata a fome?
Lindo.
bjs
Rossana
É, caro poeta Celso com certeza de que as vezes a poesia é muda. Alias a poesia é tanta coisa. rs
Olha ando correndo muito na vida, hoje resolvi vir aqui dar uma olhadinha neste espaço nosso. E, não podeira me ir, sem dar uma olhadinha no seu poetar. Bom quero lhe dizer que estou com saudades de ti, poeta. Vá la na pensão me visitar quando puder, ta.
Belo poema e reflexivo. Parabéns poeta, bjuss até breve!
Poesia brota no âmago com que se olha para o distante, percebe-se na voz que se cala e nos dizer não, quando o sim é súplica.
Lindos versos meu amigo! Beijo.
Surpreendente este dizer a saudade.
"havia um tempo
em que os sentidos eram rubros
mas os dizeres eram vãos
e cada frase surda
escondia sua poesia
atrás de dispersivas pupilas"
Agora é a poesia
Transparência das água
A diluir rubores
em promessas de eternidade...
Um beijo
poesias que necessitam de ouvidos e olhos bem dispostos...
=)
um bj, querido.
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