Deitava o vento com a boca amordaçada. O seu silêncio era imposição dos girassóis que refletiam-lhe os braços, as mãos e seus dedos amarelecidos. Mascava o sol dia pós dia, desconfiado, e se sentia cada vez mais enraizado. Gostava do azul das manhãs e do laranja das auroras. O marinho da noite o embriagava. Mantinha, secretamente, olhos de nadar estrelas. A lua costumava tocar suavemente suas costas até que adormecesse. Após isso era a o medo da treva, era atrás dos astros, era depois dos sonhos. Se houvera luz, não se lembraria. Mas o tempo sempre lhe foi muito orbital. Não entendia por que as coisas tinham essa mania de orbitar. Retas, pois sim, retas eram apenas uma eterna ilusão de caminhos; nunca mais o levavam a um novo que já não conhecesse. E foi assim que, mais uma vez, o sol se desprendeu do seu bocejo, preguiçosamente. Ainda não era a hora da escuridão.
CONVERSA-RESENHA COM AMANDA VITAL
Há um ano
22 comentários:
lindo isso Celso, de encantar
bjs
E quando será a hora da escuridão se até a noite é iluminada pelas estrelas?
Texto profundo este
abraços
Pura lira, deixo tocar, ouço de olhos fechados.
Beijo!
magnífico!
embalou-me, um verso mais deleitoso que o outro...
beijo, doutro da lira.
até a mais longa das rectas esconde desvios e curvas sinuosas. o difícil é antecipá-las, ou não fossem invisíveis ao olhar...
afinal, todas as horas escondem o final do dia - mesmo que sem escuridão... mesmo que não sabendo ler o tempo... mesmo que a contragosto...
um abraço, celso-poeta!
Por que definitivamente há noites com sol... e pq não dizer que há um pequeno sol dentro de cada estrela?
Texto belissimo menino, as tuas estrelas carregas nas pontas dos dedos...
Grande beijo
Erikah
Celso
Com a lua lhe tocando suavemente as costas e o sol se desprendendo do seu bocejo... para que chegar? Melhor é ficar orbitando em si mesmo, nos Círculos das cores!
Linda prosa!
Bjs de sonhar acordada
Em silêncio o sol brilha mais, o azul das manhãs é mais azul, o marinho da noite tem mais poder.
Que poema lindo para sonhar.
Adorei!
oa.s
Quanto lirismo e sensibilidade!!
A luz que toca o sentir clareia a derme e traz no olhar o almejar dos dias...
Lindo demais, meu querido!!^^
Das coisas mais lindas que já li nessa vida...grata pelo momento! Bjão!!!
Um percurso poético através das horas "redondas" do dia. Muito bonito!...
Um beijo
L.B.
Tanto sol, tanta lua, e nada muda. Nem nós.
Bom texto, gostei muito. Abraços, passa no meu :)
Rota orbital
de tantos tons, brilhos...
De embriagar tanto lirismo, Celso!
Beijo, amigo!
Marlene
Eu que adoro o sabor da escuridão, me senti aqui como se tivesse observando minhas laterais ao longo das horas do dia. Seria abuso pedir para seu texto participar da última edição da revista perspectivas?
bacio
Lunna, seria uma honra para mim ter meu texto lá. Se quiser usá-lo, disponha...
bacio.
Deslumbrante.
Teu poema é redondo, Celso, não tem arestas, quinas... é suave o caminhar dos olhos sobre ele.
Beijos, querido e parabéns.
Lembro-me de ter comentado esse post maravilhoso, mas deve ter se perdido com os últimos acontecimentos da Google, mas é sempre muito bom te ler.
Beijos, querido e ótimo domingo.
Olá, Celso.
Que texto lindo! Poeticamente sentido, estruturalmente perfeito. ADOREI!
Grande abraço e obrigada pelo carinho de sempre lá no Hiperestesia. :)
A P L A U S O S!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
um dos mais lindos que já aqui.
obrigada, querido.
bjsmeus
Que seja eterno esse sol...
Postar um comentário