Eu lanço esta palavra em voo cego
Rasgando este segredo que me envolve.
Que o eco que o silêncio me devolve
Respingue a liberdade a que me nego.
E risco o ar com cores e sabores,
Arrisco conturbar a minha calma.
Bem sei não ter a vida em minha palma,
Mas tenho minhas flores e valores.
Pressinto o que me espera ao fim da reta
E agora eu quero abrir esta comporta,
Saber daquele brilho que me afeta.
Eu rompo a solidão que me conforta,
Desato o nó e então atiro a seta:
Quem sabe o seu trajeto me transporta...
(Celso Mendes)
2 comentários:
Belíssimo soneto, Celso. Tanto na construção, ao meu ver, quanto na essência. Há de se arriscar em voos cegos; tentativas são estimulantes!
Parabéns pelo espaço de muito bom gosto. Beijo!
Obrigado, Lena! Fico muito feliz com sua visita...
Beijo!
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